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Promotor vê omissão de pais de agressores
Para Tales Cezar de Oliveira, promotor da Infância e Juventude da capital, "bom pai é o que diz "não'" aos filhos
"Um bom pai jamais permitiria que o filho menor de 18 anos ficasse até as 6h numa balada", afirma ele
ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO
O promotor Tales Cezar de
Oliveira, da Infância e Juventude da capital, critica os
pais dos adolescentes envolvidos na agressão contra outros jovens na avenida Paulista, em São Paulo.
Primeiro, por permitir que
estivessem numa balada até
as 6h. Depois, por defendê-los. "Bom pai é o que diz
"não'", disse ele.
Leia trechos abaixo.
Folha - Qual foi a sensação do
sr. ao ver as imagens?
Tales Cezar de Oliveira - A
sensação, como cidadão, assim como provavelmente deve ter sido com 99% das pessoas, de absoluta repulsa ao
ato gratuito de violência.
Isso mostra que a violência
urbana está chegado a um
ponto extremamente complicado. Nós, cidadãos de bem,
estamos ilhados. Por quê?
Porque o Estado está fraco.
Ele não tem uma política pública social de prevenção. E,
ao mesmo tempo, o Estado
repressor é fraco.
Nós, cidadão honestos, estamos entregues à própria
sorte.
No lugar desse cidadão
agredido poderia ter sido eu,
você, minha esposa, meu filho... Qualquer um de nós.
Os pais chegaram a dizer que
são meninos de bem, não são
violentos, e só reagiram.
Isso só demonstra por que
esses filhos chegaram aonde
chegaram. Pais omissos, que
passam a mão na cabeça dos
filhos. Pais que acham que
ser bons pais é proteger o filho, não dizer "não" ao filho.
O bom pai é aquele que
castiga o filho, desde pequeno, quando faz uma coisa errada. Para ele aprender,
quando for grande, os limites
das outras pessoas.
O bom pai é aquele que
diz "não".
Um bom pai jamais permitiria que o filho menor de 18
anos ficasse até as 6h numa
balada.
Isso demonstra claramente que a família falhou em algum momento na educação
dos filhos.
O que pode acontecer com
esses pais?
Não vou dizer sobre esse
caso específico.
Mas, sempre que estivermos diante de um caso de falha do pai ou da mãe na educação do filho, o estatuto [da
Criança e do Adolescente]
prevê medidas aplicáveis aos
pais, como orientação social
e psicológica.
Há muita gente com dinheiro sem estrutura psicológica para enfrentar a vicissitude do dia a dia.
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