São Paulo, sábado, 20 de novembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Promotor vê omissão de pais de agressores

Para Tales Cezar de Oliveira, promotor da Infância e Juventude da capital, "bom pai é o que diz "não'" aos filhos

"Um bom pai jamais permitiria que o filho menor de 18 anos ficasse até as 6h numa balada", afirma ele

ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO

O promotor Tales Cezar de Oliveira, da Infância e Juventude da capital, critica os pais dos adolescentes envolvidos na agressão contra outros jovens na avenida Paulista, em São Paulo. Primeiro, por permitir que estivessem numa balada até as 6h. Depois, por defendê-los. "Bom pai é o que diz "não'", disse ele. Leia trechos abaixo.

 

Folha - Qual foi a sensação do sr. ao ver as imagens?
Tales Cezar de Oliveira -
A sensação, como cidadão, assim como provavelmente deve ter sido com 99% das pessoas, de absoluta repulsa ao ato gratuito de violência.
Isso mostra que a violência urbana está chegado a um ponto extremamente complicado. Nós, cidadãos de bem, estamos ilhados. Por quê?
Porque o Estado está fraco. Ele não tem uma política pública social de prevenção. E, ao mesmo tempo, o Estado repressor é fraco.
Nós, cidadão honestos, estamos entregues à própria sorte.
No lugar desse cidadão agredido poderia ter sido eu, você, minha esposa, meu filho... Qualquer um de nós.

Os pais chegaram a dizer que são meninos de bem, não são violentos, e só reagiram.
Isso só demonstra por que esses filhos chegaram aonde chegaram. Pais omissos, que passam a mão na cabeça dos filhos. Pais que acham que ser bons pais é proteger o filho, não dizer "não" ao filho.
O bom pai é aquele que castiga o filho, desde pequeno, quando faz uma coisa errada. Para ele aprender, quando for grande, os limites das outras pessoas.
O bom pai é aquele que diz "não".
Um bom pai jamais permitiria que o filho menor de 18 anos ficasse até as 6h numa balada.
Isso demonstra claramente que a família falhou em algum momento na educação dos filhos.

O que pode acontecer com esses pais?
Não vou dizer sobre esse caso específico.
Mas, sempre que estivermos diante de um caso de falha do pai ou da mãe na educação do filho, o estatuto [da Criança e do Adolescente] prevê medidas aplicáveis aos pais, como orientação social e psicológica.
Há muita gente com dinheiro sem estrutura psicológica para enfrentar a vicissitude do dia a dia.


Texto Anterior: Jovem atacado na Paulista escapou da morte, diz polícia
Próximo Texto: Outro lado: Defesa diz que imagens não são esclarecedoras
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.