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TRANSPORTES
Consórcio Opportrans paga 921,21% a mais que o preço mínimo estabelecido para operar serviço por 20 anos
Metrô do Rio é 'privatizado' com ágio de 921%
WILSON TOSTA
da Sucursal do Rio
Um ágio de 921,21% -o segundo maior em privatizações no Brasil- foi registrado ontem no leilão
de venda da concessão para operar
o metrô do Rio por 20 anos, arrematada pelo consórcio Opportrans por R$ 291,66 milhões contra
um preço mínimo fixado pelo Estado em R$ 28,56 milhões.
Embora até a menor proposta
fosse 289,04% maior que esse valor, o secretário da Fazenda, Marco Aurélio Alencar, o defendeu como necessário para garantir o processo. Mas o presidente do Clube
de Engenharia, Agostinho Guerreiro, considerou a discrepância
de cifras "uma aberração".
"Essa diferença de preço tão
brutal é desmoralizante para o
processo e estabelece descrédito
nas contas que estão sendo feitas."
Dos seis inscritos, quatro apresentaram propostas no leilão, feito pelo sistema de envelopes fechados,
na Bolsa de Valores do Rio.
Apontado informalmente como
favorito antes do leilão, o consórcio Metrô Rio B (formado pela Andrade Gutierrez, CGEA Transport,
RATP e Guanabara Diesel, representante de empresários de ônibus) ficou em segundo lugar. Sua
proposta, de R$ 205,56 milhões,
representou ágio de 619,74%.
Os vencedores pagarão em dinheiro R$ 3,56 milhões (para material em estoque), além de uma
parcela inicial de 30% do restante
do valor total, que poderá ser paga
em Certificados de Privatização.
O resto do preço será pago em
240 prestações mensais, mas somente depois que forem entregues
as obras de expansão até Copacabana (zona sul) e Pavuna (zona
norte), em 98. Espera-se que, com
a expansão, o movimento passe
dos atuais 350 mil para 700 mil
passageiros por dia. A tarifa continuará em R$ 1 por um ano.
A Companhia do Metrô do Rio
continuará com o Estado, mas a
operação de trens e estações e a
manutenção das composições passarão a ser feitas pelo operador
privado. A estatal fiscalizará a operação e fará novas expansões.
O ágio do leilão do metrô do Rio
só não superou o da Companhia
Química do Recôncavo, vendida
em outubro de 95 com ágio de
13.800%. A empresa tinha patrimônio de R$ 46 milhões e dívidas
de R$ 120 milhões.
Defesa
Alencar disse que a diferença de
921,21% "é a maior evidência" de
que o processo foi transparente.
Alencar afirmou também que o
ganho fiscal do Estado com a concessão da operação será de R$ 1 bilhão nos próximos 20 anos, com o
fim do subsídio que o governo paga hoje ao metrô. O déficit da empresa é de R$ 75 milhões anuais.
O consórcio Opportrans é formado pela empresa argentina Cometrans, que controla 30% do metrô de Buenos Aires, e pela Sorocaba Empreendimentos e Participações, do Banco Opportunity. Um
dos representantes dos vencedores, Renê Simões, estimou em R$
40 milhões os investimentos no
metrô nos primeiros três anos.
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