|
Próximo Texto | Índice
CÂMARA
Além do IPTU e do tributo do lixo, vereador do PT quer aprovar cobranças para a iluminação e para escapar do rodízio de veículos
Paulistano pode pagar mais 2 taxas em 2003
JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Além do novo IPTU e da taxa de
lixo, os contribuintes paulistanos
correm o risco de ter de pagar pelo menos mais dois tipos de tributos municipais em 2003: um para
custeio de iluminação pública e
outro para se livrar do rodízio de
veículos, que pode ser implantado
em dois dias da semana no ano
que vem.
O reajuste e a redução de benefícios no Imposto Predial e Territorial Urbano e a criação de taxas
(veja quadro acima) estão em discussão na Câmara Municipal e
têm de ser aprovados até o final
do ano para valer em 2003.
Para a petista Marta Suplicy, a
aprovação das propostas significaria um alívio diante da alardeada dificuldade financeira do município -da receita de R$ 10,2 bilhões prevista para 2003, o Orçamento prevê R$ 1 bilhão para investimentos. Com o novo IPTU e
taxas, o caixa da prefeitura poderá
ganhar um reforço extra de cerca
de R$ 1,1 bilhão, segundo as contas do governo e de vereadores.
Para o contribuinte, poderá ficar a despesa. No caso da taxa para a iluminação, a proposta inicial
é cobrar R$ 3 por mês de contribuintes residenciais e R$ 10 de
não-residenciais. Isso cobriria o
que a prefeitura aplica atualmente
para manter e investir no setor.
A prefeita acenou que pode ser
favorável à taxa da luz. Segundo
sua assessoria, ela não se manifestará sobre a idéia. Mas, ao mesmo
tempo, a assessoria lembrou que
a prefeitura integra a Frente Nacional de Prefeitos e a Associação
Brasileira de Secretários de Finanças das Capitais, organizações que
são favoráveis ao tributo.
O reajuste do IPTU e a criação
da taxa do lixo são projetos encaminhados pelo Executivo. As outras duas propostas são do vereador Vicente Cândido (PT). Em tese, o governo tem maioria para
aprovar todos os projetos -que
precisam do voto favorável de 28
dos 55 vereadores.
Rodízio
Pela proposta de Vicente Cândido, para se livrar do rodízio -a
atual restrição de circular uma vez
por semana na chamada área do
centro expandido-, o dono do
veículo teria de comprar um "selo
verde". Com isso, gastaria, por
ano, o equivalente a 25% do IPVA
(Imposto sobre Propriedade de
Veículos Automotores).
Um Golf 2.0 2002, por exemplo,
pagaria cerca de R$ 320. Carros
populares 2002 pagariam entre
R$ 112 e R$ 173 por ano para se livrar do rodízio, segundo projeções feitas pelo gabinete do vereador Ricardo Montoro (PSDB).
Em caso de isenção de IPVA
-caso de veículos mais velhos-,
a taxa mínima seria de R$ 50. Como a taxa não seria obrigatória,
quem não pagar teria de respeitar
dois dias por semana de restrição.
No caso do rodízio, a proposta
foi apresentada ontem e, segundo
o autor, terá apoio do governo. O
projeto trata a taxa como medida
"reparatória-compensatória" ao
ambiente, devido ao aumento de
veículos que transitarão pela cidade e ao aumento da poluição.
"O Jilmar [Tatto, secretário de
Transportes" tem simpatia pelo
projeto", disse Cândido, que afirmou ter feito a proposta com dados fornecidos pelo governo. O
secretário e a prefeita, porém, evitaram comentar o projeto.
No própria bancada do PT na
Câmara, porém, a idéia pode enfrentar resistência. "Permitir mais
poluição e mais trânsito só porque alguém pagou, na minha opinião, não é inteligente", disse ontem Devanir Ribeiro (PT).
Cândido admitiu ontem que a
adoção da medida pode realmente provocar aumento do trânsito e
de poluição, mas afirmou que o
investimento dos recursos arrecadados atenuará o problema.
Se a proposta for aprovada, o dinheiro arrecadado com a taxa será gasto exclusivamente em transportes. Já a cobrança pela iluminação pode render R$ 150 milhões por ano ao Executivo, segundo o vereador. A arrecadação
também seria carimbada -iria
para manutenção e ampliação da
iluminação pública.
Essa proposta já tramitava havia um ano na Câmara, mas só
agora poderá ser colocada em votação porque foi aprovada anteontem, na Câmara dos Deputados, emenda constitucional autorizando os municípios a fazerem a
cobrança. Em São Paulo, o imposto pode ser cobrado de cerca
de 3 milhões de contribuintes, segundo Cândido.
Próximo Texto: Projetos podem ser votados hoje Índice
|