São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 2002

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MORTE NA PF

Inquérito que apura assassinato de auxiliar de cozinha conclui que dez funcionários da Polícia Federal estão envolvidos

Três policiais são indiciados por tortura

Severino Silva - 13.dez.2002/Agência O Dia
Márcio Gomes (de muleta) chega à PF para reconstituição de crime


TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

Três policiais federais e um funcionário administrativo da PF (Polícia Federal) do Rio foram indiciados ontem sob a acusação de prática de tortura. Para o delegado Paulo Iung, eles foram os responsáveis pela morte do auxiliar de cozinha Antônio Gonçalves Abreu, espancado no dia 7 de setembro, quando esteve preso na Superintendência da PF (centro).
Iung preside o inquérito que será enviado à Justiça Federal na segunda. O delegado indiciou outros seis policiais federais acusados de envolvimento na morte.
A informação do indiciamento foi divulgada por nota da PF, que não informou o nome dos quatro acusados pelo crime de tortura, que podem receber pena de dois a oito anos de prisão.
Os delegados Marcelo Duval Soares e Luís Felipe Egger Magalhães vão responder a processo pela acusação de omissão, com o agravante de que o preso estava sob a guarda deles. A pena é de dois anos a oito anos de prisão.
Dois policiais foram indiciados sob a acusação de falsidade ideológica, cuja pena é de um ano a cinco anos de prisão. Um deles também responde pela tortura.
Três agentes foram acusados de prestar falso testemunho em depoimentos e podem ficar presos de um ano a três anos.
Hoje, os presos Samuel Dias Cerqueira e Márcio Gomes farão o reconhecimento de mais três agentes. Os 33 policiais investigados foram afastados de suas funções e deslocados para atividades administrativas. Eles permanecem com armas e distintivos.
Abreu foi preso com Cerqueira e Gomes na madrugada do dia 7 de setembro, acusados de matar, depois de uma briga, o agente federal Gustavo Mayer Moreira, na praça Mauá (centro do Rio).
Os três foram presos no hospital. Cerqueira levara um tiro no ombro e Gomes, na perna direita. Abreu foi levado à Superintendência da PF (centro) sem ferimentos, onde foi espancado. Ele morreu horas depois, no mesmo hospital onde foi preso.
"O indiciamento aponta que a conclusão do inquérito não será corporativista. Mas ainda não é uma vitória", disse Paulo Henrique Fagundes Teles, advogado da família de Abreu.
O relatório da CPI da Tortura da Câmara dos Deputados foi aprovado ontem por unanimidade pelos 11 deputados que participaram da sessão. Foram indiciadas 26 pessoas acusadas pelo assassinado de Abreu.


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