São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 2002

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CRIME NO BROOKLIN

Irmãos Silva podem ser julgados em abril

Defesa usará tese de preconceito, fotos de festas e cartas de amor

DA REPORTAGEM LOCAL

Fotos de confraternização entre as duas famílias, cartas de amor, a indicação do garoto Andreas, 15, como testemunha de defesa e a tese de um namoro interrompido pelo preconceito social. Assim os advogados de defesa de Daniel e Cristian Cravinhos de Paula e Silva pretendem amenizar a pena dos dois irmãos, réus confessos do casal Richthofen.
A estratégia da defesa dos irmãos foi exposta ontem, no depoimento de testemunhas indicadas pelo Ministério Público. Marísia e Manfred von Richthofen -diretor de engenharia da Dersa, empresa que administra estradas em SP- foram mortos a pancadas quando dormiam em casa, no Brooklin, zona nobre da capital paulista, no dia 30 de outubro.
A versão da defesa é uma resposta ao depoimento de Suzane Louise von Richthofen, 19, filha do casal e namorada de Daniel, que também participou do crime.
No dia 3 de dezembro, Suzane afirmou na Justiça que foi "seduzida" por Daniel a participar do crime, e que ele a fez acreditar que seria seu "príncipe encantado".
A intenção da defesa é mostrar que a famílias Richthofen e Paula e Silva tinham um bom relacionamento até que, de repente, por preconceito, os pais de Suzane proibiram o namoro.
O primeiro passo foi a indicação de Andreas, irmão de Suzane, como testemunha de defesa dos irmãos. A intenção é falar do relacionamento do garoto com a família dos irmãos. Andreas costumava frequentar a casa de Daniel, onde tinha uma mobilete feita com peças usadas.
O segundo passo foi feito ontem. Os advogados apresentaram fotos que mostrariam Manfred, Marísia, Suzane e Daniel reunidos em uma festa de aniversário na casa do rapaz. "Isso mostra que a relação entre as famílias era harmoniosa", afirmou Adid Geraldo Jabur, advogado dos irmãos.
A defesa também apresentou cartas de amor escritas por Suzane destinadas a Daniel. "Suzane disse que o relacionamento era um conto de fadas. Mas era um amor verdadeiro", disse.
Segundo Jabur, os pais de Suzane resolveram inviabilizar a união por preconceito. "Eu tenho certeza que existia preconceito. Quando uma moça rica namora um rapaz pobre, tem de respeitar o amor", afirmou o advogado.
Segundo o promotor de Justiça Roberto Tardelli, os negativos não foram apresentados e as fotos podem ser falsas. "O Andreas deveria ser poupado. Não acho que o depoimento dele vai contribuir", disse. Segundo ele, o garoto pode se negar a depor por ser filho das vítimas.
O depoimento das testemunhas de defesa está marcado para 4 de fevereiro. O julgamento pode ocorrer a partir de abril.


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