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ACIDENTE
Pelo menos 28 passageiros do barco Dom Luiz 15-1º continuam desaparecidos; entre os corpos achados, dez são crianças
Já são 22 os mortos em naufrágio no Pará
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
Subiu para 22, sendo dez crianças, o número de mortos no naufrágio do barco Dom Luiz 15-1º,
ocorrido na noite de terça-feira,
no rio Pará, próximo ao porto de
Vila de Conde, em Barcarena
(PA). Pelo menos 28 passageiros
continuavam desaparecidos; 303
foram resgatados.
O barco estava com mais do que
o dobro de sua capacidade (140
pessoas), além de transportar 38
toneladas de carga, quando o permitido seria dez toneladas, segundo a Capitania dos Portos.
A Polícia Civil e o Ministério Público Estadual abriram inquérito
para investigar o naufrágio. O dono do barco, Carlos Augusto Gomes da Silva, foi preso em flagrante anteontem à noite. Ele se eximiu de responsabilidade pelo
naufrágio em depoimento à polícia, mas admitiu que o barco estava superlotado e que apresentou
problemas no motor.
Ele afirmou ter alugado o barco
em Manaus por R$ 7.000 para o
empresário Antônio Júnior, filho
do deputado estadual Antônio
Rocha (PMDB-PA), que é dono
da Enart (Empresa de Navegação
A.R. Transportes Ltda).
Para Silva, a Enart teria ficado
responsável pelo transporte dos
passageiros na rota Manaus-Santarém-Belém. O deputado e o filho dele não foram localizados
ontem pela reportagem, mas devem ser ouvidos no inquérito.
O delegado Gutemberg Catete
disse que vai pedir a prisão preventiva do comandante da embarcação, José Carlos Rebelo Cardoso, e do gerente administrativo
da viagem, Paulo Narcy. Os dois
são considerados foragidos pela
polícia. Cardoso teria assumido a
embarcação em Santarém. Antes,
o barco era conduzido por Ubiratan dos Santos.
"Já ouvimos mais de 40 sobreviventes. Vamos investigar todas as
denúncias."
Os depoentes foram unânimes
em afirmar que o barco estava lotado e que apanhou passageiros e
cargas após deixar Santarém.
O superintendente da Polícia
Civil na região do Baixo Amazonas, João Medeiros, afirmou que
"o naufrágio foi causado por total
descaso" dos responsáveis pelo
barco e pela falta de fiscalização.
"Eles poderão responder por homicídio qualificado doloso."
Fiscalização
O comandante Jaerte Bazyl, da
Capitania dos Portos da Amazônia Oriental, em Belém, admitiu
que há falhas de fiscalização em
portos intermediários. Disse que
precisaria de mais lanchas e mais
pessoal para fiscalizar todos os
barcos que navegam pelos rios.
Já o comandante da Capitania
dos Portos de Manaus, capitão-de-mar-e-guerra Reinaldo Ferreirinha da Silva, disse que o órgão
consegue fiscalizar, com 30 inspetores navais, todas as embarcações que saem da cidade.
Em entrevista à TV Liberal, o almirante José Antônio de Castro
Leal, comandante do 4º Distrito
Naval, disse que o "transporte fluvial não tem regulamentação na
Amazônia". A relações-públicas
do 4º Distrito, tenente Ana Regina, disse que Leal não poderia
atender à Agência Folha ontem.
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