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SAÚDE
É o 1º caso em hospital público
Autotransplante detém a esclerose múltipla
RODRIGO ROSSI
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO
MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO
O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto conseguiu conter o
avanço da esclerose múltipla
-doença degenerativa do sistema nervoso- por meio de um
transplante de medula óssea realizado em agosto em um administrador de empresas.
O resultado positivo é o primeiro a ser obtido em um hospital
público no país, de acordo com a
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo (FMRP-USP).
O caso foi um autotransplante
de célula-tronco -foram reimplantadas no paciente suas próprias células brancas.
O administrador de empresas
George Glover, 50, que tem esclerose múltipla há 13 anos, hoje não
apresenta sinais de atividade da
doença e já pode mexer os dedos
dos pés e a perna direita.
A esclerose múltipla é uma
doença neurológica, inflamatória
e crônica, que geralmente atinge
adultos entre 20 e 40 anos. As mulheres são mais afetadas dos que
os homens -a proporção é de
dois para um.
"O transplante foi feito há quase
quatro meses e, até agora, tudo está bem. Portanto, o procedimento
deu certo", afirmou o médico
Amilton Antunes Barreira, responsável pelo setor de neuroimunologia e doenças neuromusculares da faculdade. Já há dois novos
pacientes que devem se submeter
ao procedimento.
Para que o transplante fosse
realizado, o paciente recebeu uma
medicação que fez os glóbulos
brancos se "desgarrarem" da medula; com isso, eles passaram a
circular. Esse material foi retirado
para análise, tratado e congelado.
Quando uma quantidade suficiente para a troca foi obtida, o
paciente foi submetido a uma
imunossupressão, a qual pode
durar semanas. "A imunossupressão acaba com os glóbulos
brancos do paciente, que fica sem
imunidade, e introduzimos as células-tronco", afirmou Barreira.
O procedimento é feito com cateteres, inseridos nas veias do paciente. "É como se tirássemos a
parte ruim e colocássemos apenas
a boa." O transplante faz com que
a pessoa retorne à "vida infantil",
já que as células são reconstituídas como se fossem de um embrião, o que obriga o paciente a
tomar vacinas contra sarampo e
gripe, por exemplo.
Para a Abem (Associação Brasileira de Esclerose Múltipla), o autotransplante feito no Hospital
das Clínicas de Ribeirão Preto é
um paliativo, já que a doença não
deixa de existir na pessoa.
A cirurgia de Ribeirão Preto é a
segunda realizada no país que deu
resultado positivo, de acordo com
a Abem. A outra foi feita no hospital Albert Einstein, em São Paulo. A Folha procurou o hospital,
mas não obteve resposta sobre o
estado de saúde do paciente.
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