São Paulo, domingo, 21 de janeiro de 2001

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CENSO 2000

Êxodo rural diminui número de habitantes em 42% das cidades do Paraná e do Rio Grande do Sul; em SC, índice é de 37%

Latifúndios e tecnologias afastam população

DA AGÊNCIA FOLHA

A incapacidade de os municípios reterem suas populações, principalmente por conta da concentração dos latifúndios e do avanço das tecnologias agrárias, está causando um êxodo rural no interior dos Estados do Paraná e do Rio Grande do Sul desde a década de 60 e consequentemente uma fuga aos pólos agroindustriais desses Estados.
Segundo dados preliminares do Censo 2000, 42% das cidades do Rio Grande do Sul e do Paraná apresentaram diminuição da população de 1996 até o ano passado. Em Santa Catarina, o índice foi de 37%.

Mudanças no campo
De acordo com estudos realizados pelo Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), as transformações que ocorreram no campo nos últimos anos, como as mudanças nos modos de produção, esgotaram quase que totalmente as ofertas de emprego para os moradores que insistem em viver na zona rural.
"Os centros urbanos das cidades do interior não tiveram como segurar uma série de pessoas, principalmente aquelas com baixo grau de instrução. Além disso, a partir dos anos 80, o esvaziamento nos centros urbanos do interior também começou a aparecer e a inchar as principais cidades do Estado e suas regiões metropolitanas", diz Rosa Moura, geógrafa do Ipardes.
A chegada de novas tecnologias, de novas máquinas e de novos equipamentos no campo fez com que a mão-de-obra fosse substituída aos poucos pelo maquinário que foi sendo implantado no meio rural.
"A plantação da soja, por exemplo, pode ser feita apenas por meio de máquinas de última geração, situação já muito comum no interior de alguns Estados", afirma Rosa.
Segundo ela, "o papel do homem nessas plantações está ficando cada vez mais ofuscado. Com isso, eles (os migrantes) preferem sobreviver precariamente nas periferias das grandes cidades a continuar com fome e desempregados na zona rural".
Na maioria das vezes, os migrantes buscam as áreas envoltórias das capitais dos Estados para se instalar e trabalhar no setor terciário do mercado. Nesses locais, é comum o crescimento da economia informal como meio de subsistência.

Santa Catarina
De acordo com a geógrafa do Ipardes, "o Estado de Santa Catarina, em poucos anos, deverá estar com os mesmos índices de decrescimento registrados atualmente nos Estados do Paraná e do Rio Grande do Sul".
No Paraná, com complexos agroindustriais, os focos de atração aos migrantes são as regiões metropolitanas de Curitiba, Londrina e Maringá, também segundo o Ipardes.
Também são chamarizes as cidades de Cascavel, Foz do Iguaçu (pelo mercado na fronteira, que atrai um grande fluxo de pessoas à região) e Ponta Grossa, todas no interior do Estado.
No Rio Grande do Sul, a região metropolitana de Porto Alegre cresce com a chegada de migrantes, vindos principalmente de pequenas propriedades do interior gaúcho, que não suportaram o ritmo do mercado e resolveram mudar de vida.
(EDUARDO SCOLESE)


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