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CENSO 2000
Êxodo rural diminui número de habitantes em 42% das cidades do Paraná e do Rio Grande do Sul; em SC, índice é de 37%
Latifúndios e tecnologias afastam população
DA AGÊNCIA FOLHA
A incapacidade de os municípios reterem suas populações,
principalmente por conta da concentração dos latifúndios e do
avanço das tecnologias agrárias,
está causando um êxodo rural no
interior dos Estados do Paraná e
do Rio Grande do Sul desde a década de 60 e consequentemente
uma fuga aos pólos agroindustriais desses Estados.
Segundo dados preliminares do
Censo 2000, 42% das cidades do
Rio Grande do Sul e do Paraná
apresentaram diminuição da população de 1996 até o ano passado. Em Santa Catarina, o índice
foi de 37%.
Mudanças no campo
De acordo com estudos realizados pelo Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), as transformações que ocorreram no campo
nos últimos anos, como as mudanças nos modos de produção,
esgotaram quase que totalmente
as ofertas de emprego para os moradores que insistem em viver na
zona rural.
"Os centros urbanos das cidades do interior não tiveram como
segurar uma série de pessoas,
principalmente aquelas com baixo grau de instrução. Além disso,
a partir dos anos 80, o esvaziamento nos centros urbanos do interior também começou a aparecer e a inchar as principais cidades
do Estado e suas regiões metropolitanas", diz Rosa Moura, geógrafa do Ipardes.
A chegada de novas tecnologias,
de novas máquinas e de novos
equipamentos no campo fez com
que a mão-de-obra fosse substituída aos poucos pelo maquinário
que foi sendo implantado no
meio rural.
"A plantação da soja, por exemplo, pode ser feita apenas por
meio de máquinas de última geração, situação já muito comum no
interior de alguns Estados", afirma Rosa.
Segundo ela, "o papel do homem nessas plantações está ficando cada vez mais ofuscado. Com
isso, eles (os migrantes) preferem
sobreviver precariamente nas periferias das grandes cidades a continuar com fome e desempregados na zona rural".
Na maioria das vezes, os migrantes buscam as áreas envoltórias das capitais dos Estados para
se instalar e trabalhar no setor terciário do mercado. Nesses locais,
é comum o crescimento da economia informal como meio de
subsistência.
Santa Catarina
De acordo com a geógrafa do
Ipardes, "o Estado de Santa Catarina, em poucos anos, deverá estar com os mesmos índices de decrescimento registrados atualmente nos Estados do Paraná e do
Rio Grande do Sul".
No Paraná, com complexos
agroindustriais, os focos de atração aos migrantes são as regiões
metropolitanas de Curitiba, Londrina e Maringá, também segundo o Ipardes.
Também são chamarizes as cidades de Cascavel, Foz do Iguaçu
(pelo mercado na fronteira, que
atrai um grande fluxo de pessoas
à região) e Ponta Grossa, todas no
interior do Estado.
No Rio Grande do Sul, a região
metropolitana de Porto Alegre
cresce com a chegada de migrantes, vindos principalmente de pequenas propriedades do interior
gaúcho, que não suportaram o
ritmo do mercado e resolveram
mudar de vida.
(EDUARDO SCOLESE)
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