São Paulo, domingo, 21 de janeiro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TELEFONIA

Recurso técnico multiplica linhas instaladas por concessionárias

Artifício de empresas afeta acesso à Internet

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As concessionárias de telefonia fixa estão usando um artifício técnico -chamado multiplicador de par- que torna lentas as linhas. O problema não é notado em transmissão de voz, mas prejudica o acesso à Internet.
A medida está sendo adotada por todas as operadoras. Na Telemar e na Brasil Telecom, o artifício atinge, em média, 2% da rede. Quanto ao percentual da Telefônica, operadora no Estado de São Paulo, a empresa não informou.
Com esse recurso, uma ligação entre uma central telefônica e uma casa -o que corresponde a uma linha- pode ser dividida em até 11 diferentes ligações. A qualidade vai piorando de acordo com o número de divisões.
Na Telemar e na Brasil Telecom, o artifício está sendo usado porque as duas empresas querem antecipar para este ano a meta de instalação de linhas que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) estabeleceu para até o final de 2003.
A Telefônica informou que, no seu caso, o uso do multiplicador não está ligado às metas de 2003, que já foram cumpridas.
A pressa tem um motivo. Caso consigam antecipar as metas, as atuais operadoras de telefonia fixa poderão participar do leilão de autorizações para prestação de telefonia celular nas bandas D e E.
A Telemar -holding que opera telefonia fixa no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e mais 13 Estados nas regiões Nordeste e Norte- calcula que o multiplicador esteja sendo usado em aproximadamente 2,3% de sua rede, o que equivale a 300 mil linhas do total de 13 milhões.
A Brasil Telecom, operadora da região Centro-Oeste, diz que usa o multiplicador em aproximadamente 200 mil linhas. A Telefônica diz que se trata de uma solução temporária. A empresa não quis informar em quantas linhas está usando o artifício.
De acordo com a advogada Maria Inês Doci, do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), "isso é descumprimento contratual".
Ela diz que o uso de multiplicador em poucas linhas e em caráter temporário não é atenuante. Segundo ela, o consumidor atendido por esse recurso pode exigir uma linha normal.
Por meio de sua assessoria, o superintendente de serviços públicos da Anatel, Edmundo Antônio Matarazzo, disse que a agência não regula tecnologia. "O problema da operadora é atender o padrão de qualidade da agência."


Texto Anterior: Há 50 anos
Próximo Texto: Administração: Sayad diz que só vai pagar gastos de Marta
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.