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TELEFONIA
Recurso técnico multiplica linhas instaladas por concessionárias
Artifício de empresas afeta acesso à Internet
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As concessionárias de telefonia
fixa estão usando um artifício técnico -chamado multiplicador
de par- que torna lentas as linhas. O problema não é notado
em transmissão de voz, mas prejudica o acesso à Internet.
A medida está sendo adotada
por todas as operadoras. Na Telemar e na Brasil Telecom, o artifício atinge, em média, 2% da rede.
Quanto ao percentual da Telefônica, operadora no Estado de São
Paulo, a empresa não informou.
Com esse recurso, uma ligação
entre uma central telefônica e
uma casa -o que corresponde a
uma linha- pode ser dividida
em até 11 diferentes ligações. A
qualidade vai piorando de acordo
com o número de divisões.
Na Telemar e na Brasil Telecom,
o artifício está sendo usado porque as duas empresas querem antecipar para este ano a meta de
instalação de linhas que a Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações) estabeleceu para até o
final de 2003.
A Telefônica informou que, no
seu caso, o uso do multiplicador
não está ligado às metas de 2003,
que já foram cumpridas.
A pressa tem um motivo. Caso
consigam antecipar as metas, as
atuais operadoras de telefonia fixa poderão participar do leilão de
autorizações para prestação de telefonia celular nas bandas D e E.
A Telemar -holding que opera
telefonia fixa no Rio de Janeiro,
Minas Gerais, Espírito Santo e
mais 13 Estados nas regiões Nordeste e Norte- calcula que o
multiplicador esteja sendo usado
em aproximadamente 2,3% de
sua rede, o que equivale a 300 mil
linhas do total de 13 milhões.
A Brasil Telecom, operadora da
região Centro-Oeste, diz que usa
o multiplicador em aproximadamente 200 mil linhas. A Telefônica diz que se trata de uma solução
temporária. A empresa não quis
informar em quantas linhas está
usando o artifício.
De acordo com a advogada Maria Inês Doci, do Idec (Instituto de
Defesa do Consumidor), "isso é
descumprimento contratual".
Ela diz que o uso de multiplicador em poucas linhas e em caráter
temporário não é atenuante. Segundo ela, o consumidor atendido por esse recurso pode exigir
uma linha normal.
Por meio de sua assessoria, o superintendente de serviços públicos da Anatel, Edmundo Antônio
Matarazzo, disse que a agência
não regula tecnologia. "O problema da operadora é atender o padrão de qualidade da agência."
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