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São Paulo, sexta-feira, 21 de fevereiro de 2003

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TRANSPORTE

Área que pertenceria a dono de viação foi aceita pela SPTrans para assegurar pagamento de dívida de R$ 11,5 milhões

Uso de terreno como garantia será apurado

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da SPTrans, Gerson Luis Bittencourt, 37, determinou ontem a abertura de sindicância no setor jurídico da empresa, responsável pelo gerenciamento do transporte coletivo em São Paulo, para saber como um terreno supervalorizado foi dado como garantia de uma dívida de R$ 11,5 milhões pelo dono da viação Cidade Tiradentes, Samy Gelman Jaroviski.
O dono da empresa foi preso anteontem, acusado de ter falsificado documentos para assumir a viação (um dos sócios apresentados havia morrido meses antes) e de tê-la usado para desviar dinheiro, proveniente de repasses da SPTrans e de empréstimos bancários, o que caracterizaria crime de estelionato.
O delegado Maurício del Trono Groshe, da Deatur (Delegacia Especializada de Atendimento ao Turista), responsável pelo inquérito, disse ontem que investiga a possibilidade de funcionários da SPTrans estarem envolvidos em irregularidades. "O perito que avaliou o terreno foi, estranhamente, indicado pelo próprio empresário."
O terreno em São Bernardo do Campo, avaliado em R$ 37 milhões, teria sido comprado em 2001 por R$ 2 milhões -valor divulgado pelo dono da viação. O número do terreno, que ficaria em uma área rural, não corresponde a nenhuma propriedade em nome de Jaroviski.
Ontem, Bittencourt depôs sobre o caso e disse que "não há possibilidade" de os R$ 11,5 milhões injetados na viação nos três meses de intervenção terem sido desviados. "Os recursos não foram entregues ao empresário, mas administrados pela SPTrans durante a intervenção", afirmou à imprensa.
Ele prometeu apresentar em dez dias relatório dos gastos com folha de pagamento atrasada e manutenção de veículos.
Bittencourt disse, no depoimento, que o terreno não era a única garantia para a dívida. Jaroviski assinou termo de confissão de dívida e a SPTrans requisitou, na última sexta-feira, frota, garagem e funcionários da viação. Em vez de pagar o aluguel previsto (cerca de R$ 2,3 milhões por mês), o valor será abatido da dívida.
Mas a polícia não descarta a hipótese de Jaroviski ter desviado recursos da SPTrans. O delegado diz ter apreendido na sede da empresa, na semana passada, comprovantes de retiradas de "valores expressivos" para os sócios. Essa documentação será analisada no Instituto de Criminalística para tentar mapear a movimentação financeira dos envolvidos.
Além de Jaroviski, Marcos José Candido da Silva, 52, que intermediou a venda da empresa para ele, está preso. Outras duas pessoas estão foragidas, com prisão temporária decretada: Gelson Camargo dos Santos, ex-dono da Gallus Agropecuária, empresa que faliu prejudicando investidores, Sérgio Camargo dos Santos, 46, e Bibiano da Silva Salgado, 45.
O advogado de Gelson e Sérgio, Ermelino de Oliveira Graça, afirmou ontem que pedirá a revogação da decretação de prisão e que seus clientes se apresentarão na próxima semana.


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