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TRANSPORTE
Área que pertenceria a dono de viação foi aceita pela SPTrans para assegurar pagamento de dívida de R$ 11,5 milhões
Uso de terreno como garantia será apurado
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da SPTrans, Gerson Luis Bittencourt, 37, determinou ontem a abertura de sindicância no setor jurídico da empresa, responsável pelo gerenciamento do transporte coletivo em
São Paulo, para saber como um
terreno supervalorizado foi dado
como garantia de uma dívida de
R$ 11,5 milhões pelo dono da viação Cidade Tiradentes, Samy Gelman Jaroviski.
O dono da empresa foi preso
anteontem, acusado de ter falsificado documentos para assumir a
viação (um dos sócios apresentados havia morrido meses antes) e
de tê-la usado para desviar dinheiro, proveniente de repasses
da SPTrans e de empréstimos
bancários, o que caracterizaria
crime de estelionato.
O delegado Maurício del Trono
Groshe, da Deatur (Delegacia Especializada de Atendimento ao
Turista), responsável pelo inquérito, disse ontem que investiga a
possibilidade de funcionários da
SPTrans estarem envolvidos em
irregularidades. "O perito que
avaliou o terreno foi, estranhamente, indicado pelo próprio empresário."
O terreno em São Bernardo do
Campo, avaliado em R$ 37 milhões, teria sido comprado em
2001 por R$ 2 milhões -valor divulgado pelo dono da viação. O
número do terreno, que ficaria
em uma área rural, não corresponde a nenhuma propriedade
em nome de Jaroviski.
Ontem, Bittencourt depôs sobre
o caso e disse que "não há possibilidade" de os R$ 11,5 milhões injetados na viação nos três meses de
intervenção terem sido desviados.
"Os recursos não foram entregues
ao empresário, mas administrados pela SPTrans durante a intervenção", afirmou à imprensa.
Ele prometeu apresentar em dez
dias relatório dos gastos com folha de pagamento atrasada e manutenção de veículos.
Bittencourt disse, no depoimento, que o terreno não era a
única garantia para a dívida. Jaroviski assinou termo de confissão
de dívida e a SPTrans requisitou,
na última sexta-feira, frota, garagem e funcionários da viação. Em
vez de pagar o aluguel previsto
(cerca de R$ 2,3 milhões por mês),
o valor será abatido da dívida.
Mas a polícia não descarta a hipótese de Jaroviski ter desviado
recursos da SPTrans. O delegado
diz ter apreendido na sede da empresa, na semana passada, comprovantes de retiradas de "valores
expressivos" para os sócios. Essa
documentação será analisada no
Instituto de Criminalística para
tentar mapear a movimentação
financeira dos envolvidos.
Além de Jaroviski, Marcos José
Candido da Silva, 52, que intermediou a venda da empresa para
ele, está preso. Outras duas pessoas estão foragidas, com prisão
temporária decretada: Gelson Camargo dos Santos, ex-dono da
Gallus Agropecuária, empresa
que faliu prejudicando investidores, Sérgio Camargo dos Santos,
46, e Bibiano da Silva Salgado, 45.
O advogado de Gelson e Sérgio,
Ermelino de Oliveira Graça, afirmou ontem que pedirá a revogação da decretação de prisão e que
seus clientes se apresentarão na
próxima semana.
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