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Torturado por policiais no Rio terá proteção
RENATA VICTAL
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O governo do Rio de Janeiro
afirmou ontem que incluirá Nelis
Nelson dos Santos, 31, que foi torturado por policiais militares na
quarta-feira, no programa de proteção à testemunha. De acordo
com o subsecretário de Direitos
Humanos, Paulo Baía, Santos será
levado para um local secreto e seguro assim que deixar o hospital
Miguel Couto. A proteção será estendida à família da vítima.
Santos, que já recebe proteção
de policiais civis, fará acareação
com os 11 PMs acusados de terem
participado da tortura, ligados ao
batalhão do Catumbi (centro).
Ainda se recuperando da cirurgia para reconstituir bexiga e reto,
ele disse ao subsecretário que é
usuário de drogas, mas que nunca
trabalhou para os traficantes do
morro da Coroa (centro). Pedaços de um cabo de vassoura utilizados para empalar Santos foram
apreendidos e serão periciados. O
caso está sendo apurado pela Corregedoria Geral da PM.
Ontem, outros cinco moradores
do morro que disseram ser vítimas de tortura e abuso de poder
de PMs do mesmo batalhão prestaram depoimento na Comissão
de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa fluminense.
Em todos os casos, os moradores -que tiveram seus nomes
preservados- contaram que os
PMs estavam acompanhados de
um informante encapuzado. Eles
acreditam que seja um ex-traficante que foi expulso do morro.
Uma mulher de 30 anos, grávida de um mês, disse que policiais
entraram em sua casa quando ela
e o marido dormiam. Eles teriam
jogado uma mochila com armas
sobre o marido e dito que os armamentos eram dele. Ela contou
que foi espancada e abortou.
Outra vítimas também contou
que estava dormindo com o marido quando teve sua casa invadida.
Ela disse que os PMs quebraram
eletrodomésticos e espancaram
seu marido. Ela prestou queixa
em uma delegacia. Dois dias depois, sua casa voltou a ser invadida e revirada pelos policiais.
"Esse caso mostra que policiais
civis podem estar sendo coniventes. Eles também serão investigados", disse o subsecretário Baía.
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