São Paulo, sábado, 21 de fevereiro de 2004

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Torturado por policiais no Rio terá proteção

RENATA VICTAL
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O governo do Rio de Janeiro afirmou ontem que incluirá Nelis Nelson dos Santos, 31, que foi torturado por policiais militares na quarta-feira, no programa de proteção à testemunha. De acordo com o subsecretário de Direitos Humanos, Paulo Baía, Santos será levado para um local secreto e seguro assim que deixar o hospital Miguel Couto. A proteção será estendida à família da vítima.
Santos, que já recebe proteção de policiais civis, fará acareação com os 11 PMs acusados de terem participado da tortura, ligados ao batalhão do Catumbi (centro).
Ainda se recuperando da cirurgia para reconstituir bexiga e reto, ele disse ao subsecretário que é usuário de drogas, mas que nunca trabalhou para os traficantes do morro da Coroa (centro). Pedaços de um cabo de vassoura utilizados para empalar Santos foram apreendidos e serão periciados. O caso está sendo apurado pela Corregedoria Geral da PM.
Ontem, outros cinco moradores do morro que disseram ser vítimas de tortura e abuso de poder de PMs do mesmo batalhão prestaram depoimento na Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa fluminense.
Em todos os casos, os moradores -que tiveram seus nomes preservados- contaram que os PMs estavam acompanhados de um informante encapuzado. Eles acreditam que seja um ex-traficante que foi expulso do morro.
Uma mulher de 30 anos, grávida de um mês, disse que policiais entraram em sua casa quando ela e o marido dormiam. Eles teriam jogado uma mochila com armas sobre o marido e dito que os armamentos eram dele. Ela contou que foi espancada e abortou.
Outra vítimas também contou que estava dormindo com o marido quando teve sua casa invadida. Ela disse que os PMs quebraram eletrodomésticos e espancaram seu marido. Ela prestou queixa em uma delegacia. Dois dias depois, sua casa voltou a ser invadida e revirada pelos policiais.
"Esse caso mostra que policiais civis podem estar sendo coniventes. Eles também serão investigados", disse o subsecretário Baía.


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