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POLÍCIA
Em SP, revista com anúncios de garotas de programa é distribuída gratuitamente em órgão criado para combater o turismo sexual
Delegacia para turista divulga prostituição
DO "AGORA"
Quem procura informações turísticas sobre a cidade de São Paulo na 1ª Deatur (Delegacia de
Atendimento ao Turista), da Polícia Civil, na avenida São Luís, nº
91 (centro), pode se surpreender
ao encontrar anúncios ligados à
prostituição em algumas das várias revistas que são distribuídas
gratuitamente na recepção.
Ontem à tarde, horas antes do
início do Carnaval na capital paulista, a reportagem flagrou, dentro
da delegacia, dezenas de exemplares da revista Magazine Turismo
& Hotelaria, publicação que tem
quase um terço de suas páginas
dedicadas a anúncios de garotas
de programa e casas de massagem
da cidade.
Contraditoriamente, uma das
principais responsabilidades da
Deatur é o combate ao turismo sexual em São Paulo, muito procurado por estrangeiros e executivos em visita à cidade.
Para confirmar se os anúncios
veiculados nos exemplares da
Magazine Turismo & Hotelaria
traziam realmente publicidade de
prostituição, a reportagem telefonou para duas garotas que têm
seus telefones e fotos disponibilizados nas páginas da revista.
Programa
Ambas confirmaram que são
prostitutas e que cobram, em média, entre R$ 150 e R$ 200 por hora. O programa, de acordo com
elas, pode acontecer no apartamento onde moram ou em um local determinado pela pessoa que
as contrata. As duas mulheres
também confirmaram que o
anúncio na revista atrai muitos
clientes, principalmente os que
visitam a capital.
Alguns dos anúncios são escritos em inglês e, em vários deles, as
garotas destacam saber falar inglês e espanhol.
Os anúncios das garotas de programa e das casas de massagem
tem lugar de destaque na revista
-esse tipo de publicidade ocupava, na edição 358, 38 das 128 páginas da Magazine Turismo & Hotelaria. A publicação, cujo público-alvo são as classes A e B, é
mensal, tem tiragem de 40 mil
exemplares e é impressa em cores
e em papel de alta qualidade.
Além dos anúncios ligados à
prostituição, a revista também
traz propaganda de bares, hotéis,
flats, pizzarias, churrascarias, restaurantes, imobiliárias, palavras
cruzadas, um roteiro turístico de
pontos conhecidos da capital e até
mapas de bairros mais nobres e
centrais, além da relação completa das estações de metrô.
Fato inaceitável
O advogado criminalista Fernando Castelo Branco, professor
da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), acredita que a distribuição de revistas
com anúncios de prostituição em
uma delegacia "é um fato inaceitável, ilegal e que exige uma rigorosa apuração da corregedoria da
corporação".
Na opinião do criminalista, "alguém está recebendo algum tipo
de vantagem com a distribuição
desse tipo de material". "Alguém
tem interesse em que isso ocorra,
ainda mais dentro de um órgão
público", disse.
"A pessoa que recebe remuneração por relações sexuais não comete crime, mas quem ganha algo
explorando o ato sexual de outras
pessoas está fora da lei", completou o advogado criminalista.
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