São Paulo, segunda-feira, 21 de fevereiro de 2005

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ROTA EUROPÉIA

Preferência se deve à facilidade de transporte da droga dentro dos equipamentos e de justificar viagens ao exterior

Esportistas são visados pelo tráfico, diz PF

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dos oito integrantes da suposta quadrilha que, sediada em Brasília e oriunda das classes média e alta, trocava cocaína por drogas sintéticas na Europa, cinco praticam ou possuem equipamentos para a prática de surfe, kite surfe, wake board e mountain bike.
A investigação, iniciada pela Polícia Civil do Distrito Federal em 2003, indica que a preferência por esportistas se deve à maior facilidade de transportar a droga em meio ao equipamento e de usar como justificativa para as viagens-em tese mais convincente- a disposição de assistir a campeonatos internacionais das diferentes modalidades.
Também está sendo investigado o suposto envolvimento de policiais civis de São Paulo, o uso de cartões de crédito clonados para a compra de passagens aéreas e a utilização de celulares que, mediante fraude, não seriam registrados nas telefônicas.
Na última semana, com o apoio operacional da PF, que também investiga as ramificações internacionais do tráfico brasiliense, foram presos sete dos oito integrantes da quadrilha que seria comandada pelo publicitário Michelli Tocci. Filho de um funcionário aposentado da Embaixada da Itália no Brasil, ele está foragido.
Em São Paulo, com base em uma investigação própria, a PF prendeu, na quarta-feira, Dimitrius Papageorgiou, que seria o mentor intelectual de uma organização criminosa, também ligada ao tráfico de drogas.
A série de prisões da quadrilha brasiliense começou na terça-feira com a prisão de Sandra Gorayeb, funcionária do Ministério Público da União. Ela vinha de Amsterdã (Holanda) e trazia na bagagem, dentro do saco de dormir, 2,5 quilos de skank (cerca de US$ 37,5 mil), 800 gramas de haxixe (em torno de US$ 17 mil) e 46 gramas de MDMA, um dos princípios ativos do ecstasy.
Conforme a investigação, que inclui escutas telefônicas com autorização judicial, junto com Tocci, a quadrilha seria protagonizada por Marcello Manghenzani. Surfista, ele viveu dez anos em Brasília e agora estava em São Paulo. Na praia de Maresias, abrira recentemente o bar Ombaq.
A Interpol foi acionada para prender, na Holanda, um intermediário do grupo que atende pelo nome de "Cabeludo", que já tivera sua prisão decretada no Brasil, a pedido da PF, por tráfico de drogas em Santa Catarina.
Dos sete integrantes da suposta quadrilha presos na última semana, apenas Leandro Caetano Pompeo prestou depoimento. Isentou-se de qualquer envolvimento com atividades criminosas. Tratou sua relação com Tocci como amizade. Mas confirmou que deu fuga ao amigo quando, na madrugada de quarta-feira, dirigia uma Mitsubishi Pajero de São Paulo rumo a Brasília. Disse ter sido coagido a fazer isso.
Os demais acusados usaram do direito legal de permanecer em silêncio e prestar depoimento em juízo. Segundo a PF, também faz parte da quadrilha o surfista brasileiro Rodrigo Gularte, condenado à morte por fuzilamento pela Justiça da Indonésia.

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