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ROTA EUROPÉIA
Preferência se deve à facilidade de transporte da droga dentro dos equipamentos e de justificar viagens ao exterior
Esportistas são visados pelo tráfico, diz PF
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dos oito integrantes da suposta
quadrilha que, sediada em Brasília e oriunda das classes média e
alta, trocava cocaína por drogas
sintéticas na Europa, cinco praticam ou possuem equipamentos
para a prática de surfe, kite surfe,
wake board e mountain bike.
A investigação, iniciada pela Polícia Civil do Distrito Federal em
2003, indica que a preferência por
esportistas se deve à maior facilidade de transportar a droga em
meio ao equipamento e de usar
como justificativa para as viagens-em tese mais convincente- a disposição de assistir a
campeonatos internacionais das
diferentes modalidades.
Também está sendo investigado
o suposto envolvimento de policiais civis de São Paulo, o uso de
cartões de crédito clonados para a
compra de passagens aéreas e a
utilização de celulares que, mediante fraude, não seriam registrados nas telefônicas.
Na última semana, com o apoio
operacional da PF, que também
investiga as ramificações internacionais do tráfico brasiliense, foram presos sete dos oito integrantes da quadrilha que seria comandada pelo publicitário Michelli
Tocci. Filho de um funcionário
aposentado da Embaixada da Itália no Brasil, ele está foragido.
Em São Paulo, com base em
uma investigação própria, a PF
prendeu, na quarta-feira, Dimitrius Papageorgiou, que seria o
mentor intelectual de uma organização criminosa, também ligada ao tráfico de drogas.
A série de prisões da quadrilha
brasiliense começou na terça-feira com a prisão de Sandra Gorayeb, funcionária do Ministério
Público da União. Ela vinha de
Amsterdã (Holanda) e trazia na
bagagem, dentro do saco de dormir, 2,5 quilos de skank (cerca de
US$ 37,5 mil), 800 gramas de haxixe (em torno de US$ 17 mil) e 46
gramas de MDMA, um dos princípios ativos do ecstasy.
Conforme a investigação, que
inclui escutas telefônicas com autorização judicial, junto com Tocci, a quadrilha seria protagonizada por Marcello Manghenzani.
Surfista, ele viveu dez anos em
Brasília e agora estava em São
Paulo. Na praia de Maresias, abrira recentemente o bar Ombaq.
A Interpol foi acionada para
prender, na Holanda, um intermediário do grupo que atende pelo nome de "Cabeludo", que já tivera sua prisão decretada no Brasil, a pedido da PF, por tráfico de
drogas em Santa Catarina.
Dos sete integrantes da suposta
quadrilha presos na última semana, apenas Leandro Caetano
Pompeo prestou depoimento.
Isentou-se de qualquer envolvimento com atividades criminosas. Tratou sua relação com Tocci
como amizade. Mas confirmou
que deu fuga ao amigo quando,
na madrugada de quarta-feira, dirigia uma Mitsubishi Pajero de
São Paulo rumo a Brasília. Disse
ter sido coagido a fazer isso.
Os demais acusados usaram do
direito legal de permanecer em silêncio e prestar depoimento em
juízo. Segundo a PF, também faz
parte da quadrilha o surfista brasileiro Rodrigo Gularte, condenado à morte por fuzilamento pela Justiça da Indonésia.
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