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Tombamento condenou igreja, diz frei de imóvel lacrado pela prefeitura
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
O tombamento pelo Condephaat (conselho estadual do
patrimônio histórico) não foi
benéfico à igreja da Venerável
Ordem Terceira de São Francisco, no centro de SP, afirmam dois dos seus representantes. A igreja foi lacrada em
janeiro por falta de segurança
e risco de desabamento.
Segundo eles, o tombamento torna lento qualquer processo de intervenção, pois exige consulta prévia a órgãos públicos. "Tombar é condenar [o
imóvel] à queda. A burocracia
é tanta, há muitos entraves",
diz o assistente espiritual da
Ordem Terceira, frei Anacleto
Luiz Gapski. A vice-ministra
da igreja, Maria Aparecida
Crepaldi, concorda.
Ambos também dizem acreditar que, fechada, a igreja desabará em seis meses. Isso
porque não haverá ventilação
no local e a umidade ficará ainda maior.
A igreja tem 220 anos e é
uma das poucas ainda existentes que foi construída com a
técnica de taipa de pilão. Além
disso, tem grande acervo artístico do período barroco. De
acordo com o frei, há ainda
uma lenda de que o coração do
regente Feijó está guardado
numa urna no local.
O prédio, tombado em 1982,
compõe o conjunto arquitetônico onde está a Faculdade de
Direito da USP, no largo São
Francisco. Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro, foi o
projetista da igreja.
Condephaat
O projeto de restauro da
igreja já havia sido aprovado
em 2005 pelo Condephaat.
Em outubro de 2006, foi publicado um decreto que determinava que a Secretaria Estadual da Cultura e a de Segurança Pública deveriam colaborar no projeto e obra do restauro, com recursos orçamentários das respectivas pastas.
O dinheiro, entretanto, até
agora não chegou. Segundo a
assessoria de imprensa da Secretaria da Cultura, não havia
previsão orçamentária para
esta obra em 2007. Agora, em
2008, "estão sendo feitos esforços no sentido de viabilizar
o projeto e os recursos".
A Secretaria da Segurança
Pública, procurada pela reportagem no início da noite, disse
que não seria possível responder à Folha ontem.
Não foi informado qual seria o valor repassado pelas secretarias para a realização do
restauro. A igreja, tombada
pelo Condephaat, é relevante
também para a Secretaria da
Segurança Pública -nela está
sepultado o brigadeiro Tobias
de Aguiar, patrono da Polícia
Militar de São Paulo.
Um orçamento feito para a
obra chegou a R$ 30 milhões.
A vice-ministra Crepaldi diz
que o orçamento era "superfaturado". A igreja de São Francisco, vizinha à interditada,
tem restauro já iniciado e avaliado em R$ 7 milhões.
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