São Paulo, quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

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Após denúncia de tortura, PM proíbe a "Rota de Goiás" de fazer rondas à noite

FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA

O comando da Polícia Militar de Goiás decidiu proibir a Rotam, uma unidade de repressão e patrulhamento equivalente à Rota de São Paulo, de fazer policiamento de noite e de madrugada. A justificativa oficial é que há uma mudança no perfil do policiamento ostensivo na região de Goiânia.
A medida, no entanto, ocorre dias após uma denúncia de tortura a cinco jovens em Goiânia durante a noite. Um deles está desaparecido. Onze PMs da Rotam (Rondas Ostensivas Táticas Metropolitana) foram afastados depois do caso.
Denúncias de abusos da Rotam são investigadas pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Goiás, que afirma que há um grupo de extermínio infiltrado na corporação.
A Polícia Militar também trocou o comando da Rotam e tomou providências como fixar um período máximo de permanência de três anos na unidade. Trinta e quatro policiais, de graduação soldado a subtenente, também deixaram o setor. Segundo a PM, houve uma reavaliação do perfil da unidade e dos tipos de ocorrências que são atendidas por ela.
O estudo concluiu que o período mais necessário de trabalho da unidade é durante o dia, na vigilância a bancos e escoltas. Policiais do Grupo de Ação Tática Especial da PM serão os responsáveis pelo patrulhamento noturno. A Rotam vai atuar até as 19h.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia, deputado Mauro Rubem (PT), considera que as mudanças na patrulha são insuficientes. Segundo ele, só em 2008 já houve 30 casos de mortes suspeitas de jovens no Estado em confrontos com policiais -principalmente da unidade.
O comando da PM diz que a atuação de grupos de extermínio é só "uma suposição". Segundo ele, a Corregedoria da Polícia e o Ministério Público Estadual são rigorosos na apuração de casos de abuso.


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