São Paulo, sábado, 21 de fevereiro de 1998

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TRAGÉDIA
Sobreviventes dizem que o desafio não está abandonado
Alpinistas receberam R$ 1.200 para escalar pico do Aconcágua

FERNANDO MENDONÇA
da Agência Folha, em Curitiba

Os quatro alpinistas que participavam da expedição ao Aconcágua foram contratados por R$ 1.200 cada um por Mozart Catão para acompanhá-lo na escalada ao pico mais alto da América do Sul (6.959 m). O patrocínio para a expedição foi de R$ 90 mil.
A informação é de Dálio Zippin Neto, 30. Ele e Ronaldo Franzen, 32, sobreviventes da tragédia, chegaram anteontem à noite a Curitiba. Segundo eles, o desafio não é um projeto abandonado, apenas suspenso "por uns tempos".
Zippin Neto e Franzen estavam na base da face sul do Aconcágua, em 3 de fevereiro último, quando Mozart Catão (chefe da expedição), Othon Leonardos e Alexandre Oliveira morreram após serem levados por uma avalanche.
Os dois criticaram as declarações do alpinista Waldemar Niclevicz após o acidente, em que ele disse ter estranhado não ter sido procurado pelos colegas antes da expedição "para receber conselhos".
"Catão nos pediu para não falarmos nada, senão o Niclevicz iria querer ir junto", disse Franzen. "O ego do Niclevicz é maior do que toda a contemplação que ele diz ter pela montanha."
Os alpinistas saíram da Argentina no último dia 12 e fizeram três escaladas antes de chegar ao Brasil -Arenales, em Mendoza, e La Olla e Los Gigantes, em Córdoba. "Foram subidas leves, em montanhas sem neve", disse Zippin.
Franzen parte hoje para escalar o monte Olimpo, pico com 1.539 m localizado na reserva do Marumbi, entre Curitiba e o litoral do Paraná. Zippin ainda não sabe se acompanhará o parceiro. "Preciso ver minha namorada", disse.



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