UOL


São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2003

Próximo Texto | Índice

SEGURANÇA

Sindicato de agentes tenta evitar que traficante fique provisoriamente em Campo Grande

Polícia Federal quer Beira-Mar em MS

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal planeja transferir para Mato Grosso do Sul o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, segundo revelaram ontem a Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) e o Sindicato dos Policiais Federais no Estado.
A Superintendência da PF em Mato Grosso do Sul, porém, divulgou nota oficial no início da noite negando que a transferência de Beira-Mar para o Estado tenha sido discutida pelo órgão.
O sindicato é contrário à suposta transferência e pediu por escrito ajuda à Fenapef para "tentar evitar" a chegada do traficante. Ele deve deixar o presídio de Presidente Bernardes (SP) a partir da próxima quinta-feira, segundo o governo de São Paulo.
Para vencer a resistência dos policiais federais, a direção geral da PF teria oferecido um reforço orçamentário para Mato Grosso do Sul de R$ 230 mil, além de deslocar parte do efetivo do COT (Comando de Operações Táticas), sediado em Brasília, para Campo Grande.
"A superintendência não possui a mínima estrutura para custodiar Beira-Mar", disse o presidente da Fenapef, Francisco Garisto.
De acordo com o sindicato, a direção geral da PF teria decidido que Beira-Mar ficará 30 dias no Estado, como primeira etapa de um rodízio. Outras nove superintendências abrigariam o traficante pelo mesmo período, até a conclusão do presídio federal que ainda não começou a ser construído em Brasília.
A ida do traficante teria sido acertada anteontem, em Campo Grande, numa reunião entre o diretor de Polícia Judiciária da PF, Zulmar Pimentel, segundo cargo mais importante na estrutura do órgão, o diretor do COT, Daniel Sampaio, e o superintendente regional, Wantuir Jacini Brasil.
A Folha apurou que a Polícia Rodoviária Federal foi incumbida de preparar uma escolta para o traficante.
O presidiário seria instalado na carceragem da Superintendência da Polícia Federal em Campo Grande (MS). O sindicato informou que o local "não possui condições de segurança para abrigar presos dessa periculosidade".
Segundo a entidade, "a entrada do prédio é toda de vidro, não existem grades e os muros são baixos". O efetivo da superintendência na cidade seria de apenas 50 policiais.
Ao deslocar o traficante para um prédio da própria PF, o governo federal dispensaria a necessidade de receber consentimento do governador do Estado, José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT.
O cárcere de Campo Grande é ocupado, principalmente, por acusados de narcotráfico. Mato Grosso do Sul faz fronteira com o Paraguai, país em que Beira-Mar tem conexões com produtores de maconha e intermediários de cocaína da Colômbia e da Bolívia.
A assessoria da direção geral da PF em Brasília não confirmou nem desmentiu a suposta transferência do traficante. De acordo com a assessoria, "a superintendência poderá esclarecer o assunto". Na nota divulgada em Campo Grande, a superintendência confirmou ter ocorrido a reunião entre Zulmar Pimentel, Daniel Sampaio e Wantuir Brasil, mas negou que a transferência tenha sido tema da conversa.
O governador José Orcírio Miranda dos Santos teve ontem uma audiência fora da agenda com o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça).
O secretário de Coordenação Geral do Governo, Paulo Duarte, afirmou, por meio de sua assessoria, que a eventual transferência de Beira-Mar não foi discutida.


Colaborou a AGÊNCIA FOLHA


Próximo Texto: Governos anunciam decisão de "ocupar" favelas no Rio de Janeiro
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.