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SEGURANÇA
Sindicato de agentes tenta evitar que traficante fique provisoriamente em Campo Grande
Polícia Federal quer Beira-Mar em MS
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal planeja transferir para Mato Grosso do Sul o
traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, segundo revelaram ontem a Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) e o Sindicato dos
Policiais Federais no Estado.
A Superintendência da PF em
Mato Grosso do Sul, porém, divulgou nota oficial no início da
noite negando que a transferência
de Beira-Mar para o Estado tenha
sido discutida pelo órgão.
O sindicato é contrário à suposta transferência e pediu por escrito ajuda à Fenapef para "tentar
evitar" a chegada do traficante.
Ele deve deixar o presídio de Presidente Bernardes (SP) a partir da
próxima quinta-feira, segundo o
governo de São Paulo.
Para vencer a resistência dos
policiais federais, a direção geral
da PF teria oferecido um reforço
orçamentário para Mato Grosso
do Sul de R$ 230 mil, além de deslocar parte do efetivo do COT
(Comando de Operações Táticas), sediado em Brasília, para
Campo Grande.
"A superintendência não possui
a mínima estrutura para custodiar Beira-Mar", disse o presidente da Fenapef, Francisco Garisto.
De acordo com o sindicato, a direção geral da PF teria decidido
que Beira-Mar ficará 30 dias no
Estado, como primeira etapa de
um rodízio. Outras nove superintendências abrigariam o traficante pelo mesmo período, até a conclusão do presídio federal que
ainda não começou a ser construído em Brasília.
A ida do traficante teria sido
acertada anteontem, em Campo
Grande, numa reunião entre o diretor de Polícia Judiciária da PF,
Zulmar Pimentel, segundo cargo
mais importante na estrutura do
órgão, o diretor do COT, Daniel
Sampaio, e o superintendente regional, Wantuir Jacini Brasil.
A Folha apurou que a Polícia
Rodoviária Federal foi incumbida
de preparar uma escolta para o
traficante.
O presidiário seria instalado na
carceragem da Superintendência
da Polícia Federal em Campo
Grande (MS). O sindicato informou que o local "não possui condições de segurança para abrigar
presos dessa periculosidade".
Segundo a entidade, "a entrada
do prédio é toda de vidro, não
existem grades e os muros são
baixos". O efetivo da superintendência na cidade seria de apenas
50 policiais.
Ao deslocar o traficante para
um prédio da própria PF, o governo federal dispensaria a necessidade de receber consentimento
do governador do Estado, José
Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT.
O cárcere de Campo Grande é
ocupado, principalmente, por
acusados de narcotráfico. Mato
Grosso do Sul faz fronteira com o
Paraguai, país em que Beira-Mar
tem conexões com produtores de
maconha e intermediários de cocaína da Colômbia e da Bolívia.
A assessoria da direção geral da
PF em Brasília não confirmou
nem desmentiu a suposta transferência do traficante. De acordo
com a assessoria, "a superintendência poderá esclarecer o assunto". Na nota divulgada em Campo
Grande, a superintendência confirmou ter ocorrido a reunião entre Zulmar Pimentel, Daniel Sampaio e Wantuir Brasil, mas negou
que a transferência tenha sido tema da conversa.
O governador José Orcírio Miranda dos Santos teve ontem uma
audiência fora da agenda com o
ministro Márcio Thomaz Bastos
(Justiça).
O secretário de Coordenação
Geral do Governo, Paulo Duarte,
afirmou, por meio de sua assessoria, que a eventual transferência
de Beira-Mar não foi discutida.
Colaborou a AGÊNCIA FOLHA
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