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Nardoni faz exercícios e joga futebol na cadeia
Acusado de matar a filha de 5 anos costuma receber visita dos pais aos finais de semana
Anna Jatobá costura roupas, vê novela e participa de festas para as detentas; ela e o marido trocam cerca de 20 cartas todos os meses
AFONSO BENITES
ENVIADO ESPECIAL A TREMEMBÉ (SP)
Trabalho diário na rouparia,
banho de sol, a cada dois dias,
exercícios no pátio e campeonatos de futebol. Visitas dos
pais todo final de semana e,
eventualmente, dos dois filhos
pequenos. Essa é a vida de Alexandre Alves Nardoni, 31, acusado de assassinar a filha Isabella, com a ajuda da mulher dele,
Anna Carolina Trotta Peixoto
Jatobá Nardoni, 26.
O casal que se sentará no
banco dos réus na tarde de
amanhã tem uma rotina bem
diferente da de dois anos atrás,
quando eram recém chegados
ao edifício London, na Vila
Mazzei (zona norte de SP).
Pouco mais de um mês após
se mudarem para o apartamento 62 do prédio de classe média,
o casal viu a vida virar do avesso
com a morte de Isabella, jogada
de uma altura de 18,5 metros na
noite de 29 de março de 2008.
Alexandre, que era estagiário
de direito, saiu dos bancos universitários para a Penitenciária
2 de Tremembé, pacata cidade
do Vale do Paraíba, com 41 mil
habitantes. Desde maio de
2008 vive em um local cercado
de montanhas, com temperatura amena. Agentes penitenciários dizem que ele é um dos
mais calmos do pavilhão.
Companheira de Alexandre,
Anna Jatobá também "mora"
na mesma cidade. É vista como
uma pessoa dedicada às costuras e, aparentemente, mais calma do que na época em foi presa, quando era estudante. No
presídio, além de participar das
festas para as detentas, distrai-se com as novelas.
A tranquilidade dos dois talvez esteja ligada ao clima dos
presídios. Em nenhum deles há
interferência de facções criminosas e não são tão superlotadas como no restante do Estado. No masculino há 282 presos
onde caberiam 239. No feminino, 181 no lugar de 100. "Se eu
fosse preso, gostaria de ficar
aqui", diz um agente.
Como há quase dois anos não
se veem, trocam cartas para diminuir a distância. São cerca de
20 por mês, segundo agentes.
Nem Alexandre nem Anna
Jatobá admitiram até hoje ter
matado Isabella. Dizem que um
ladrão fez isso. O suspeito nunca foi encontrado.
Diante desse cenário e da exposição que o caso teve e continua tendo na mídia, ambos
consideram que já foram prejulgados pela opinião pública.
Ainda assim, dizem, os advogados, confiam numa absolvição.
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