São Paulo, domingo, 21 de março de 2010

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Nardoni faz exercícios e joga futebol na cadeia

Acusado de matar a filha de 5 anos costuma receber visita dos pais aos finais de semana

Anna Jatobá costura roupas, vê novela e participa de festas para as detentas; ela e o marido trocam cerca de 20 cartas todos os meses

AFONSO BENITES
ENVIADO ESPECIAL A TREMEMBÉ (SP)

Trabalho diário na rouparia, banho de sol, a cada dois dias, exercícios no pátio e campeonatos de futebol. Visitas dos pais todo final de semana e, eventualmente, dos dois filhos pequenos. Essa é a vida de Alexandre Alves Nardoni, 31, acusado de assassinar a filha Isabella, com a ajuda da mulher dele, Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá Nardoni, 26.
O casal que se sentará no banco dos réus na tarde de amanhã tem uma rotina bem diferente da de dois anos atrás, quando eram recém chegados ao edifício London, na Vila Mazzei (zona norte de SP).
Pouco mais de um mês após se mudarem para o apartamento 62 do prédio de classe média, o casal viu a vida virar do avesso com a morte de Isabella, jogada de uma altura de 18,5 metros na noite de 29 de março de 2008.
Alexandre, que era estagiário de direito, saiu dos bancos universitários para a Penitenciária 2 de Tremembé, pacata cidade do Vale do Paraíba, com 41 mil habitantes. Desde maio de 2008 vive em um local cercado de montanhas, com temperatura amena. Agentes penitenciários dizem que ele é um dos mais calmos do pavilhão.
Companheira de Alexandre, Anna Jatobá também "mora" na mesma cidade. É vista como uma pessoa dedicada às costuras e, aparentemente, mais calma do que na época em foi presa, quando era estudante. No presídio, além de participar das festas para as detentas, distrai-se com as novelas.
A tranquilidade dos dois talvez esteja ligada ao clima dos presídios. Em nenhum deles há interferência de facções criminosas e não são tão superlotadas como no restante do Estado. No masculino há 282 presos onde caberiam 239. No feminino, 181 no lugar de 100. "Se eu fosse preso, gostaria de ficar aqui", diz um agente.
Como há quase dois anos não se veem, trocam cartas para diminuir a distância. São cerca de 20 por mês, segundo agentes.
Nem Alexandre nem Anna Jatobá admitiram até hoje ter matado Isabella. Dizem que um ladrão fez isso. O suspeito nunca foi encontrado.
Diante desse cenário e da exposição que o caso teve e continua tendo na mídia, ambos consideram que já foram prejulgados pela opinião pública. Ainda assim, dizem, os advogados, confiam numa absolvição.



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