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OUTRO LADO
Para secretaria, fiscal tem de agir conforme a lei
DA REPORTAGEM LOCAL
O engenheiro agrônomo
José Carlos Coutinho, responsável pelo departamento
da Secretaria da Agricultura
de São Paulo que fiscaliza o
uso de agrotóxicos nas
lavouras, alega não ter sido
informado oficialmente
sobre os resultados da pesquisa realizada pela Anvisa,
o que impossibilitaria qualquer ação imediata de fiscalização, justifica ele.
De acordo com ele, legalmente, a secretaria não pode
punir os agricultores que
abusaram no uso de agrotóxicos ou que utilizaram pesticidas proibidos se não existir uma pesquisa que cumpra todos os critérios metodológicos exigidos pela legislação, como, por exemplo, o número do lote das
mercadorias apreendidas, a
região de origem e o nome
do produtor.
"Quando confirmamos a
denúncia de contaminação,
a punição é rápida. Mas tudo
tem que ser feito dentro da
lei", diz Coutinho. Ao recolher os produtos nos supermercados, afirma ele, os
agentes da Anvisa devem coletar três amostras: uma para a pesquisa, outra para a
perícia técnica e uma terceira deveria ficar com o agente
fiscalizado.
Segundo Ricardo Augusto
Velloso, gerente de avaliação
de risco da Anvisa, o principal objetivo do programa foi
coletar as amostras para
montar uma base de dados
sobre as condições do alimento que chega ao consumidor brasileiro. Para ele, a
ação "não tinha o caráter fiscalizatório e nem de penalizar nínguém".
Ainda que receba denúncias embasadas, a Secretaria
da Agricultura tem claras dificuldades de fiscalização
por falta de pessoal: há 150
engenheiros agrônomos e
300 técnicos para fiscalizar
entre 300 e 400 mil propriedades rurais no Estado.
Coutinho diz que os maiores problemas estão concentrados nas pequenas propriedades paulistas. "Muito
produtor ainda pensa que o
agrotóxico vai aumentar a
produção", afirma. Além
disso, a secretaria tem encontrado descuidos primários dos produtores, como a
aplicação de agrotóxicos em
culturas próximas à época
da colheita.
Segundo ele, a secretaria
deve implantar até o final do
ano um programa que vai
permitir o rastreamento dos
agrotóxicos, desde a venda e
o uso na lavoura até a destinação das embalagens.
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