São Paulo, sábado, 21 de abril de 2007

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Pombos alimentados por idosa atormentam vizinhos em São Paulo

Ricardo Nogueira/Folha Imagem
Luiza Chiasso, 85, alimenta pombos em frente à sua casa, na zona leste de São Paulo


DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cinqüenta quilos de milho por semana e litros e litros de água para que os pombos possam tomar banho e "ficar limpinhos". Dona Luiza Chiasso, 85, viúva, sem filhos, católica das que rezam o terço todos os dias, não consegue dormir em paz se as aves "não estiverem de barriga cheia".
Moradora da avenida Álvaro Ramos, bem em frente ao Cemitério da Quarta Parada, na zona leste de São Paulo, ela alimenta, três vezes por dia, cerca de 200 pombos, que atormentam a vizinhança.
No último sábado, eram tantas aves em cima de um fio de alta tensão na frente da casa dela que eles causaram um curto-circuito e deixaram a região sem luz durante quatro horas, contam os moradores da rua. Quando chega o momento das refeições, completam, a invasão é tamanha que ninguém consegue passar pela calçada, onde ficam os baldes com água e comida.
Nascida e criada no meio das aves, sem nunca ter ficado doente ("Nunca fui ao médico na vida", diz, lúcida), dona Luiza tem certeza que pombo não faz mal à saúde. "Nunca peguei doença nenhuma, e olha que desde menina vivo no meio dos pombos", afirma, mostrando desconhecer os problemas que essas aves podem causar, como histoplasmose e clamidiose, que comprometem o aparelho respiratório e podem também afetar o sistema nervoso central.
Mais informados sobre os problemas trazidos pelas aves, os vizinhos não sabem o que fazer para que dona Luiza deixe de alimentar os pombos. "A rua fica uma imundície, ninguém mais pode estacionar o carro aqui porque as fezes dos pombos corroem a pintura", conta Antônio Augusto, 74, dono de uma loja de pesca no quarteirão.
Vizinha de muro de dona Luiza, Juarezita da Silva, 57, diz que os moradores já chamaram a Vigilância Sanitária, mas nada aconteceu. "Não somos contra ela, o problema é o transtorno que causa."
Luiza não se convence dos males transmitidos pelos pombos e, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a supervisão de vigilância da região passou seu caso para a assistência social. Só um psicólogo, informa, poderá tentar convencê-la a parar.


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