São Paulo, terça, 21 de abril de 1998

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EDUCAÇÃO
Apenas 2,5% dos brasileiros até 29 anos estão matriculados em cursos superiores; nos EUA, a média chega a 15,3%
Turquia tem mais universitários que Brasil

MARTA SALOMON
enviada especial a Santiago

O Brasil perde da Turquia: é um dos países do mundo com menor percentual de população matriculada no ensino superior. Ao mesmo tempo, o país detém uma média baixíssima de alunos em relação ao número de professores nas universidades brasileiras.
Esses dados foram apresentados em reunião paralela à 2ª Cúpula das Américas, que levou os dirigentes de 34 países ao Chile no último final de semana. As estatísticas levam em conta o último censo universitário, que ainda não havia sido divulgado.
Na faixa até 29 anos, 2,5% dos brasileiros estão em cursos superiores. A média da Turquia é de 3,8%. Nos Estados Unidos, a média chega a 15,3%.
"Estamos mais parecidos com o México", avalia a presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), Maria Helena Castro. Para fazer a comparação, o MEC usou os indicadores da OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico). A maior parcela da população brasileira de 5 a 29 anos está matriculada no ensino fundamental -da 1ª à 8ª série.
Segundo os últimos dados do MEC, ainda há cerca de 1,5 milhão de crianças entre 7 e 14 anos fora das escolas, que equivalem a 5% da população dessa faixa etária.
"Nenhum país chega a exatos 100% das crianças na escola, mas não estamos distantes do que é possível obter", disse.
Uma parcela ainda pequena chega ao ensino médio, que inclui as três séries do 2º grau. É aí que se encontra o principal desafio da educação brasileira na próxima década. A meta estabelecida pela Cúpula de Santiago é garantir o acesso de 75% da população ao ensino médio.
Na faixa entre 15 e 17 anos, considerada ideal para cursar o ensino médio, apenas cerca de metade da população brasileira está matriculada no 2º grau. Serve de alento para o governo o fato de que as matrículas no ensino médio são as que mais crescem no Brasil.
Os resultados do censo universitário apontaram um crescimento "vegetativo" das matrículas no ensino superior. Em 91, havia pouco mais de 1,5 milhão de alunos matriculados. O número apurado em 96 basicamente acompanha a taxa de crescimento da população: 1,8 milhão de matrículas.
O número de alunos em relação ao número de professores é considerado baixíssimo pelo MEC, em comparação aos indicadores de países da OCDE, em que a média é de 15,4 alunos por professor. Essa média só é atingida aqui nas universidades privadas.
Nas universidades públicas, há menos de 10 alunos matriculados por professor. O número é indicativo de ociosidade do sistema universitário.



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