São Paulo, domingo, 21 de maio de 2000


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Maioria das 2.000 pessoas não tem para onde ir


Famílias que perderam casas em Guaianazes podem virar sem-teto

DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria das cerca de 500 famílias que estão sendo retiradas do Jardim São Carlos, em Guaianazes, zona leste da cidade, estava ontem procurando abrigo em casas de parentes e amigos. São mais de 2.000 pessoas que de uma hora para outra perderam suas casas e viraram sem-teto. A liminar da Justiça, que determinou a reintegração de posse, também decidiu pela derrubada de cerca de 40 casas da área.
Ao longo de toda a manhã de ontem o cenário era o de um campo de retirantes. Cerca de 20 caminhões estavam transportando os pertences das famílias. Dois tratores participavam da derrubada de casas. Cerca de 150 policiais militares -110 deles da tropa de choque- observavam a operação. Na véspera, houve uma série de conflitos entre a polícia e os moradores, com pelo menos quatro pessoas feridas.
Os móveis daqueles que não têm para onde ir estão sendo levados para um balcão na região.
Ivone Deodato, 40, seis filhos, desempregada, disse que iria pedir abrigo para as irmãs que moram em Osasco. O mecânico Carlos Manoel da Silva, 21, e a mulher Eleuza da Silva, 24, deixaram o fogão e a cama no salão de uma igreja próxima e sairiam procurando um local no bairro.
O metroviário Osmar Dias Neves, 30, a mulher Niquinha Dias Neves, 28, e um filho de dois anos também estavam saindo sem saber para onde ir.
"Muitos estão indo para baixo dos viadutos", disse José Antonio de Lima Filho, presidente da União dos Moradores do Jardim São Carlos, que inclui a área desocupada. "A decisão da Justiça está criando centenas de sem-teto."
O advogado das famílias, Arnaldo Bispo do Rosário, lamentou a condução jurídica que foi dada ao caso. "Essas pessoas só estão sendo despejadas e perdendo suas casas por falta de uma assistência jurídica adequada", disse. "Quando procuraram ajuda, o caso já estava quase perdido. Advogados do Estado poderiam ter evitado essa tragédia."
(ESTANISLAU MARIA E AURELIANO BIANCARELLI)

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