São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 2000


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VIOLÊNCIA
Presidente havia vetado artigo de lei que permitia infiltração de policiais em quadrilhas; deputados criticam plano
FHC reaproveita proposta do Congresso

DENISE MADUEÑO
SOLANO NASCIMENTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma das medidas anunciadas ontem pelo governo dentro do Plano Nacional de Segurança Pública estava em um artigo de projeto aprovado pelo Congresso e vetado pelo próprio presidente Fernando Henrique Cardoso.
A lei nº 9.034, de maio de 1995, foi publicada sem o dispositivo que permitia a "infiltração de agentes da polícia especializada em quadrilhas ou bandos".
No pacote anunciado ontem, consta o envio ao Congresso de um projeto de lei prevendo essa possibilidade. O projeto vetado era de autoria do deputado Michel Temer (PMDB-SP), hoje presidente da Câmara.
"Vejo que está voltando uma proposta aprovada e vetada", comentou Temer. O presidente da Câmara considerou o plano "bom". Segundo ele, no plano há mais medidas administrativas do que projetos de lei.
Só na Câmara, há cerca de 200 propostas que tratam de segurança pública e de combate à violência à espera de votação.
O pacote foi recebido sem animação por deputados. "O presidente deveria ter consultado os governadores. Eles são os responsáveis pelo plano porque administram as Polícias Militares e os presídios", disse o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE).
A mesma crítica foi feita pelo deputado José Genoino (PT-SP). "No geral, o plano é fraco e sem consistência porque não teve a participação dos governadores. O fundo é pouco, insignificante, e os critérios para a distribuição do dinheiro não estão claros."
Um dos pontos que deputados consideraram positivos foi a transformação na prática do Ministério da Justiça em pasta responsável pela segurança pública.
Parlamentares reclamaram da falta de ataque à origem da violência. "Não há nenhum anúncio de programa na área social. O governo continua trabalhando com a hipótese repressiva", disse Marcos Rolim (PT-RS), da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
"O pacote tinha que, acima de tudo, prever investimentos em bolsões de miséria. E, pelo que ouvi, não contempla isso", afirmou o presidente da CPI do Narcotráfico, Magno Malta (PTB-ES).
"No aspecto emergencial, o plano prevê instrumentos bons, mas nos aspectos de médio e longo prazo ele é omisso", disse Moroni Torgan (PFL-CE), relator da CPI.
Para ele, faltam medidas como criação de uma nova instituição para melhorar a formação de policiais e de um centro de pesquisa.



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