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TRAGÉDIA
Havia 117 menores no local na hora em que o fogo começou, provavelmente causado por curto-circuito em aquecedor
Incêndio em creche mata 12 crianças
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Um incêndio ocorrido ontem
no começo da tarde em uma creche de Uruguaiana (RS) matou 12
crianças entre 2 e 3 anos. A polícia
não afasta a hipótese de ter ocorrido negligência no socorro.
A creche municipal Casinha da
Emília ficava no conjunto habitacional Cohab 2 e era frequentada
por crianças de famílias de baixa
renda, moradoras no local.
De acordo com os bombeiros de
Uruguaiana (634 km a oeste de
Porto Alegre), a causa provável do
incêndio foi um curto-circuito em
uma das estufas (aquecedor de
ambiente) que estavam ligadas na
sala principal do prédio.
Com o frio que atinge a região, a
direção da creche havia acionado
entre duas e três estufas.
A temperatura mínima na cidade ontem foi de 3ºC, a mais baixa
do Estado, com geada.
Colchões
O fogo se propagou rapidamente ao atingir colchões e cobertores
das 12 crianças, que dormiam em
uma das salas após o almoço. A
porta da sala estaria fechada, segundo os bombeiros.
Havia 117 menores no local
quando o fogo começou, mas só
as 12 vítimas fatais estavam na sala incendiada.
A polícia de Uruguaiana começou a interrogar funcionárias da
creche no final da tarde, e não
afastava a possibilidade de ter
ocorrido negligência no salvamento das crianças. Os bombeiros irão também fazer perícia no
extintor que ficava próximo da
sala -há relatos, não confirmados, de que ele estaria quebrado.
Contrariando as normas de funcionamento da creche, não havia
nenhuma funcionária na sala na
hora do incêndio.
A secretária da Educação de
Uruguaiana, Marli Estivalet, disse
que havia duas funcionárias encarregadas de cuidar das crianças
no momento do incêndio. Se uma
saísse da sala, a outra funcionária
teria de permanecer no local.
""Estamos todos em estado de
choque. O que dizer para uma
mãe que saiu tranquila para trabalhar deixando o filho na creche?", disse ela. A diretoria da creche não foi localizada para dar declarações sobre o caso.
De acordo com a secretária,
95% dos pais classificaram recentemente, em uma pesquisa, as
creches da cidade como muito
boas ou ótimas.
Psicólogos
O secretário da Saúde da cidade,
José Luiz Saldanha, disse que a
prefeitura colocou médicos e psicólogos para atender os parentes
das crianças mortas. O prefeito
Neito João Bonotto (PPB) reuniu
o secretariado para definir as providências que seriam tomadas em
razão da tragédia.
O incêndio começou por volta
das 13h. Em seguida, foram chamados os bombeiros, que não demoraram para dominar o fogo.
Houve cenas de pânico entre
pais e parentes das crianças, que
foram ao local. Algumas pessoas
tiveram de ser hospitalizadas em
estado de choque.
Às 16h30, os corpos já haviam
sido levados para o IML (Instituto
Médico Legal) da cidade para serem reconhecidos pelos familiares, em trabalho coordenado pelo
médico-legista Ivaí Porto Filho.
A polícia requisitou a ajuda de
um médico legista e de peritos de
Porto Alegre.
Até o início da noite, haviam sido identificados os nomes de dez
crianças: Carlos Miguel de Souza
Miranda, Natiele de Montanha
Santana, João Fernando da Silva,
Rogério Ferreira, Fernando Camargo da Rosa Filho, Márcia Flores Gonçalves, Luana Fernandes
Oliveira, Mikael Leonardo da Silva Freitas, Ketlin Pietroski e Tassiano Rodrigues.
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