São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 2002

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ADMINISTRAÇÃO

Mercadorias, avaliadas em US$ 1 milhão, eram estocadas na região da rua 25 de Março; 50 pessoas foram detidas

Camelô reage a ação contra produto ilegal

Tuca Vieira/Folha Imagem
PM detém manifestante durante confronto


RENATO ESSENFELDER
JOÃO CARLOS SILVA

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das maiores operações de combate a produtos ilegais terminou ontem com a apreensão de mercadorias supostamente contrabandeadas, pirateadas e falsificadas avaliadas em US$ 1 milhão. Os produtos estavam em dois edifícios da região da rua 25 de Março (centro de São Paulo).
O alvo da operação, autorizada pela Justiça, foram os fornecedores de produtos vendidos por camelôs. Revoltados com a operação, os ambulantes determinaram toque de recolher às lojas da região da rua 25 de Março, onde há uma das maiores concentrações de camelôs da cidade.
Em protesto, eles apedrejaram ônibus, saquearam lojas e entraram em confronto com comerciantes e policiais. Na confusão, um adolescente acabou baleado, mas passa bem. O dono da loja de onde partiu o disparo foi agredido por manifestantes.
Pelo menos 50 pessoas, entre camelôs e donos de mercadorias ilegais, foram detidas, segundo o delegado Paulo Sergio Fleury, que coordenou a apreensão.
A previsão, ontem à noite, é que todos seriam liberados após prestarem depoimento à polícia.
A ação de ontem foi a primeira da força-tarefa criada pela Prefeitura de São Paulo há cerca de um mês para combater a prática de suborno entre fiscais e camelôs e a venda de produtos ilegais.
"É a primeira ação, mas, sem dúvida, ela ataca a espinha dorsal de um dos sistemas de abastecimento do comércio formal e informal", disse ontem Gerson Luís Bittencourt, representante da Secretaria de Implementação de Subprefeituras na força-tarefa.
O grupo é integrado também por promotores de Justiça, delegados, representantes da Secretaria de Estado da Fazenda, Ministério Público Federal, polícias Civil e Militar, entre outros.
Ontem, 500 pessoas participaram da ação, iniciada na madrugada. Integrantes da força classificaram a ação como a maior de combate a ilegais já feita na cidade. "A operação superou nossas expectativas", disse Benedito Mariano, coordenador do grupo.
Segundo ele, as mercadorias, guardadas em cerca de 3.000 sacos, serão analisadas em cerca de 30 dias. Se os produtos não tiverem documentação, poderão, por exemplo, ser leiloados.
Os produtos apreendidos foram encontrados em cerca de 200 apartamentos vistoriados. Os imóveis serviam como depósitos de mercadorias e moradia.
Segundo o delegado Fleury, grande parte das pessoas que estavam com mercadorias é estrangeira -chineses, principalmente.
A apuração do caso, na Delegacia de Propriedade Imaterial, poderá provocar o indiciamento de 500 pessoas por crimes que vão de formação de quadrilha e receptação de mercadoria roubada a violação de direito autoral.
Na apuração, será investigada também uma escuta telefônica encontrada em um dos apartamentos. No imóvel, a polícia encontrou relações de telefones de transportadoras. Por isso, a força-tarefa acredita que a central era usada por um grupo especializado em roubo de mercadorias.
Na esfera fiscal, os donos de mercadorias devem receber multas e ter de recolher impostos que podem chegar a R$ 1,5 milhão, segundo Clóvis Panzarini, da Secretaria de Estado da Fazenda.



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