São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 2002

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Protestos duram mais de 8 horas

DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto os funcionários da prefeitura esvaziavam os depósitos clandestinos, centenas de camelôs promoviam manifestações violentas em diversas partes do centro da cidade. Os protestos começaram às 10h30 e só terminaram por volta das 19h de ontem.
Segundo a própria Secretaria de Estado da Segurança, a reação dos camelôs foi "muito mais agressiva do que se imaginava".
Os camelôs reclamavam que estavam sendo "perseguidos" pela polícia. "A maior parte do produto é legal, quase a metade é de artesanato", afirmou o camelô Júlio, que não quis dizer o sobrenome.
O primeiro tumulto do dia começou quando manifestantes depredaram dois ônibus, atirando pedras contra os veículos.
A confusão só diminuiu com a chegada de 20 policiais da cavalaria e outros 30 da tropa de choque da PM. Os camelôs atiraram pedras contra os PMs, que reagiram com golpes de cassetete.
Já às 11h, cerca de 300 camelôs, segurando uma bandeira do Brasil de quase dez metros, percorreram diversas ruas do centro, exigindo que os lojistas fechassem as portas. Eles gritavam que queriam "apenas trabalhar".
Alguns lojistas reagiram com violência. Um camelô de 16 anos foi baleado no quadril. O suspeito de ter atirado é o segurança de uma loja de confecções, cujo dono foi agredido pelos manifestantes após o tiro. O rapaz foi medicado e passa bem.
A polícia registrou o caso, mas não encontrou o suspeito.
Em pelo menos outras duas lojas, seguranças apontaram revólveres para os manifestantes e dispararam para o alto.
Em outros locais, funcionários foram agredidos. Foi o caso de Gilberto Maciel, 30, segurança de uma papelaria. Ele levou socos no rosto enquanto tentava fechar as portas da loja. "Eles tomaram conta de tudo, foi vandalismo."
Para o comerciante Geraldo Sgobi, a ação dos camelôs pôde ser comparada a um "toque de recolher". "Todas as lojas fecharam, com medo." A assessoria de imprensa da PM disse que os casos de saque foram isolados e que não houve falhas na ação. (RE)


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