São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 2002

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ADMINISTRAÇÃO

Força-tarefa quer limitar ação de fornecedores; para promotor, não há como mexer em área sem haver "traumas"

Mais 40 depósitos são alvo de investigação

DA REPORTAGEM LOCAL

Mais 40 depósitos de mercadorias ilegais são alvo de investigação e deverão enfrentar fiscalizações idênticas às feitas ontem no centro de São Paulo, segundo integrantes da força-tarefa criada pela Prefeitura de São Paulo.
Eles querem repetir, a exemplo de ontem, ações para atacar os fornecedores de mercadorias que são comercializadas pelos ambulantes ilegais. Até então, a prefeitura atuava apenas na apreensão de produtos que já estavam com os camelôs.
Ontem, por exemplo, foram encontradas mercadorias que vão de bijuterias e brinquedos a produtos eletrônicos e roupas. Foram apreendidos também produtos falsificados, como tênis.
"A forma adequada de combater o comércio ilegal de mercadorias não é correr atrás de camelôs, de pessoas físicas, mas cortar as linhas de abastecimento", disse Clóvis Panzarini, da Secretaria de Estado da Fazenda, que participou da operação feita ontem.
Os locais e as datas das novas fiscalizações não foram divulgados, já que o objetivo é surpreender os fornecedores.
Os depósitos, contudo, ficam nas regiões da Sé, Pinheiros, Lapa e Santo Amaro, área de atuação da força-tarefa, como prevê decreto da prefeita Marta Suplicy (PT).
Segundo o delegado Paulo Sergio Fleury, os locais foram identificados a partir de cruzamento de dados da Delegacia de Propriedade Imaterial, criada há seis meses, do Ministério Público Estadual e da Prefeitura de São Paulo.

Avaliação
Hoje, a força-tarefa se reúne para avaliar os resultados da operação de ontem. De acordo com o coordenador do grupo, Benedito Mariano, os integrantes ficarão em alerta para detectar novos protestos de camelôs.
"Vou propor no nosso encontro de amanhã [hoje" que fiquemos alerta e possamos acionar um policiamento preventivo e ostensivo se soubermos de novos protestos", disse Benedito Mariano.
Os camelôs legalizados da região da 25 de Março já diziam ontem temer novas represálias hoje por parte dos vendedores clandestinos devido à apreensão das mercadorias irregulares.
"Vou trabalhar amanhã [hoje" com muito medo", disse a presidente do Sindicato dos Permissionários, Josefa Nogueira.
A entidade reúne 5.600 ambulantes de São Paulo com registro na prefeitura. Segundo Josefa, ambulantes ilegais se consideram rivais dos legalizados.
Ela aprovou a operação de ontem da força-tarefa, mas pediu que a fiscalização seja mantida. "Achei a ação da prefeitura boa, mas queria que houvesse mais fiscalização permanente lá, senão volta tudo", disse.
O sindicato diz que apenas 270 ambulantes deveriam trabalhar na rua 25 de Março, segundo normas da prefeitura. "Mas tem de 800 a mil trabalhando lá."
"Não há como mexer em uma área dessas sem trauma", disse ontem o promotor José Carlos Blat, que integra a força-tarefa, sobre a reação de camelôs.
Ontem, a força-tarefa classificou como "incidente isolado" o fato de um adolescente ter sido baleado durante o protesto de camelôs na região da 25 de Março.



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