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Herdeiros lutam para manter acervo de seus parentes ilustres
Eles são movidos pelo afeto na árdua e prazerosa tarefa de preservar a história
MARIA EUGÊNIA DE MENEZES
RAFAEL BALSEMÃO
DA REVISTA DA FOLHA
O sobrenome não deixa dúvida de que eles carregam DNA
de ilustres personalidades.
Até há bem pouco tempo, toda a herança que Eliza Duque
Estrada guardava do bisavô
-Joaquim Osório Duque Estrada (1870-1927), o autor da
letra do Hino Nacional- se resumia ao sobrenome.
Com pesquisas, descobriu
que, em 2009, o hino completa
cem anos, em outubro. Fará,
com apoio da Lei Rouanet, um
livro e uma exposição.
O filho caçula de Villas Bôas,
Noel, 34, é responsável pela organização do acervo na casa, no
Alto da Lapa, onde Orlando Villas Bôas (1914-2002) passou as
últimas duas décadas de vida.
Em armários, guarda uma infinidade de documentos e a
correspondência que Orlando
manteve com personalidades
do século 20,
Maurício Segall, 83, lembra
do ano de 1967, quando foi
inaugurado o museu Lasar Segall. Juntou a coleção que tinha
do pai e foi também à Europa,
buscar os quadros que lá estavam. Depois, abriu, por conta
própria, o acervo de quase
3.000 obras ao público.
Logo acima da poltrona em
que Amélia Império Hamburger, 76, está sentada, há uma tela larga, clara, azulada. São pinturas, gravuras, desenhos, rastros da arte do irmão, Flávio
Império (1935-1985), à qual ela
se dedica a preservar.
Três esculturas e 30 quadros
de Tarsila do Amaral estão dispostos na ampla sala do apartamento no Campo Belo. São um
sinal de que ali vive alguém que
tem um forte vínculo com a
mulher que abalou São Paulo
na década de 20 durante a Semana de Arte Moderna.
Lá estão uma gravura de Picasso e outra de Chagall, obras
que pertencem a uma paulistana de 44 anos, sobrinha-neta da
artista de quem é homônima.
É ela quem cuida do acervo
da pintora. Seu último grande
trabalho com a obra da tia-avó
foi uma exposição na Espanha.
Responsabilidade
Tarsilinha foi a curadora da
primeira grande mostra de
Tarsila fora do Brasil, em Paris,
no Ano do Brasil na França, em
2005. "Tenho sorte de ter o
mesmo nome dela. É muita responsabilidade, mas só me traz
alegria", afirma.
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