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CRIMINALIDADE
Desocupação expõe mais as pessoas dessa faixa etária à violência; número de desempregados é de 800 mil
Desemprego entre jovens duplica em 10 anos
GILBERTO DIMENSTEIN
do Conselho Editorial
FERNANDO ROSSETTI
da Reportagem Local
O índice de desemprego entre jovens de 15 a 17 anos bateu nos 50%
na Grande São Paulo. É mais de
duas vezes o percentual de dez
anos atrás.
O resultado é um batalhão de desempregados jovens, de 10 a 24
anos, que chegam hoje a 800 mil
pessoas, convertendo-se em um
dos principais fatores de aumento
da criminalidade.
Esse contingente de jovens sem
emprego representa metade dos
desempregados da região metropolitana de São Paulo, estimados
em 1,6 milhão.
São dados preliminares da pesquisa Dieese/Seade de maio, prevista para ser anunciada oficialmente nesta semana, revelando
um fenômeno nacional: o desemprego atinge com dureza ainda
maior o jovem.
Os números absolutos foram extraídos a partir da estimativa feita
pelo Seade sobre a participação de
cada faixa etária na PEA (População Economicamente Ativa), que
representa pessoas que ou trabalham ou procuram trabalho.
Essa tendência é encarada como
essencial pelas autoridades policiais e por especialistas na área de
juventude e violência para entender a extensão da criminalidade.
As estatísticas indicam que o jovem desempregado e com baixa
escolaridade compõe o perfil básico do delinquente.
Mais de dois terços das pessoas
com menos de 21 anos presas nem
sequer passou da 4ª série do 1º
grau -segundo pesquisa apresentada no livro "O Adolescente e o
Ato Infracional", de 97, organizado por Mário Volpi, ex-coordenador do Movimento Nacional dos
Meninos e Meninas de Rua.
De um total de 4.245 jovens pesquisados, 53% não trabalhavam
quando foram presos e 44% estavam no mercado de trabalho informal -aquele que oferece salários e condições de trabalho muito
piores do que os traficantes.
As autoridades policiais comentam que mais uma chacina, a da
última quarta-feira, em Francisco
Morato (Grande São Paulo), em
que morreram 11 pessoas, foi motivada pela guerra do tráfico.
"Crime e desemprego andam de
fato juntos", afirma Oscar Vieira,
coordenador do Ilanud, entidade
da ONU especializada em violência e criminalidade.
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