São Paulo, domingo, 21 de junho de 1998

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AR-CONDICIONADO

Aparelho terá de permitir limpeza periódica

RENATA GIRALDI
da Sucursal de Brasília

Os aparelhos de ar condicionado do país terão de ser instalados de forma a permitir uma limpeza periódica da área central. Além disso, é necessário que haja recirculação do ar, de acordo com o estabelecido pela OMS (Organização Mundial de Saúde).
Até o final da semana que vem, os integrantes da comissão da Secretaria de Vigilância Sanitária que vai estabelecer as regras de funcionamento, limpeza e fiscalização dos aparelhos concluem o texto final da portaria.
A OMS adverte sobre a ocorrência da chamada "Síndrome dos Edifícios Doentes", que consiste no surgimento de sintomas comuns à população submetida a microorganismos presentes nos sistemas de ar condicionado.
Segundo a organização, os problemas mais comuns adquiridos por causa dos microorganismos são irritação nos olhos, alergias diversas, pigarro, coriza e dificuldade para respirar.
O Ministério da Saúde não dispõe de dados sobre a contaminação nem a frequência com que ocorrem os problemas.
A ordem para estabelecer regras sobre o funcionamento dos aparelhos de ar condicionado foi do ministro da Saúde, José Serra.
Ele atendeu às sugestões da equipe médica que tratou de seu amigo Sérgio Motta, morto em abril deste ano.
Segundo os médicos, o ar-condicionado foi responsável pelo agravamento da saúde de Motta.
Na ocasião, Serra classificou os sistemas de ar condicionado "como verdadeiras bombas de propagação de infecção". Segundo ele, a falta de regulamentação estimula o surgimento de uma "fábrica de doenças e de mal-estar".
A determinação dele fez com que a Secretaria de Vigilância Sanitária elaborasse uma portaria estabelecendo prazo de um mês para que o público apresentasse sugestões para definir as regras.
Limpeza e fiscalização
A portaria irá determinar que o ar-condicionado central dos sistemas deverá ser instalado de forma que a limpeza periódica (não há ainda definição do tempo) seja acompanhada por fiscais.
Hoje, os aparelhos são instalados de uma maneira que apenas robôs têm condições de vistoriá-los. A idéia não é refazer os que estão prontos, mas adaptá-los.
A recirculação do ar, feita pelos sistemas, é outra preocupação. Em geral, a maior incidência de contaminação ocorre devido às impurezas, frequentes nesta etapa.
A portaria pretende fixar regras de filtragem semelhantes às estabelecidas para os aparelhos instalados em hospitais e centros de produção de alimentos.
Neles, o ar é reciclado em apenas uma ou duas etapas e são utilizados filtros absolutos, que impedem a passagem de partículas.
A fiscalização dos sistemas será feita em conjunto pela Secretaria de Vigilância Sanitária, entidades ligadas ao meio ambiente, delegacias do trabalho, empresas de fabricação, limpeza e manutenção de aparelhos de ar condicionado.



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