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ONG quer fim de fiador para crédito estudantil
DA REPORTAGEM LOCAL
A ONG Educafro, que coordena
cursos pré-vestibulares para negros e carentes, entrou com uma
representação na Procuradoria da
República do Rio para tentar isentar os estudantes do país inteiro
da exigência de fiador na obtenção de financiamento estudantil
fornecido pelo governo federal.
O frei David Raimundo Santos,
coordenador da ONG, diz que a
Procuradoria já entrou com uma
ação na 22ª Vara Federal para derrubar essa obrigatoriedade, que
consta do Fies (Programa de Financiamento Estudantil), cujas
inscrições estarão abertas a partir
das 9h de hoje, pela internet
(http://fies.caixa.gov.br/), e vão
até 22 de agosto.
Para fazer a inscrição, não é preciso apresentar fiadores. Mas eles
são exigidos posteriormente, no
preenchimento do formulário de
entrevista, para quem for selecionado na primeira fase. O Fies pede um fiador com idoneidade cadastral e renda comprovada de,
no mínimo, o dobro da mensalidade integral do curso financiado.
"É uma exigência que exclui os
mais pobres", diz Santos. Segundo a assessoria do Ministério da
Educação, ela é feita pela Caixa
Econômica Federal, responsável
pela verba, e se baseia na lei.
O Fies é destinado a financiar a
graduação de estudantes que não
têm condições de arcar com os
custos do curso e que estejam matriculados em instituições cadastradas que não sejam gratuitas.
Ele foi criado em 1999, em substituição ao Programa de Crédito
Educativo. Hoje há mais de 1.600
instituições credenciadas e 218
mil estudantes beneficiados no
país, com uma aplicação de recursos em torno de R$ 1,7 bilhão.
Neste semestre, serão oferecidas
70 mil novas vagas.
Segundo Santos, somente no
Rio há uma lista com 547 assinaturas de estudantes que afirmam
não ter como conseguir fiador. A
representação da Educafro também pede a flexibilização de outras exigências do Fies, como a
que estabelece fiador adicional
quando os estudantes forem desprovidos de renda. A ONG reivindica ainda que eles tenham direito
de pagar esse financiamento com
trabalhos comunitários em programas sociais. "O sistema hoje é
perverso. A classe média entra na
universidade pública e ganha a
educação de graça, enquanto a
classe baixa tem que lutar para
conseguir um financiamento, para conseguir um emprego e conseguir pagar depois", diz Santos.
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