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INVESTIGAÇÃO
Gabriel, 3, chorava no Playland do shopping Eldorado e morreu 1 dia depois; ninguém viu se ele se machucou no local
Garoto morre após passar mal em brinquedo
DA REPORTAGEM LOCAL
Um garoto de três anos morreu
ontem no Hospital das Clínicas de
São Paulo, menos de 24 horas depois de passar mal dentro de um
brinquedo no shopping Eldorado, na zona oeste de São Paulo.
Na tarde de anteontem, ao ouvir
o choro de uma criança, um monitor do parque de diversões Playland, que estava dentro do brinquedo de dois andares, encontrou
Gabriel Thomazette, 3, sentado
num canto com a mão na cabeça.
Ele levou a criança até a mãe, Leila
Thomazette, 31, que tomou o menino no colo e, segundo a família e
funcionários do local, não achou
ferimento no corpo do filho.
Poucos segundos depois, Gabriel desmaiou, e foi então levado
para o ambulatório do shopping.
Lá, foi constatada a necessidade
de atendimento de emergência.
Em 15 minutos, o menino foi
atendido no pronto-socorro do
Hospital das Clínicas, onde deu
entrada já em coma. Uma tomografia constatou que Gabriel estava sofrendo uma hemorragia e
um edema (inchaço) cerebrais.
Gabriel foi submetido a uma cirurgia no crânio (craniotomia) e
permaneceu na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital
até o final da manhã de ontem,
quando morreu, às 11h30.
Sem testemunhas
Se houve queda, contusão ou
choque do menino com uma das
sete crianças que estavam no
brinquedo, ninguém viu.
Gabriel estava no Kid Play, um
brinquedo formado por dois andares erguidos com uma estrutura de tubos metálicos revestidos
de espuma. No andar térreo do
brinquedo, há uma piscina de bolinhas e algumas caixas de fibra de
vidro com visores de plástico colorido, em parte acolchoadas.
No segundo andar, até onde as
crianças chegam por meio de degraus revestidos de espuma, há
túneis feitos em material plástico
e novos cubos de fibra de vidro.
A estrutura do brinquedo é toda
embrulhada por uma tela, e todos
os pontos do "Kid Play" são visíveis para quem está de fora.
Laudos
O caso foi registrado no 14º DP
(Pinheiros) como "morte suspeita". O delegado José Pereira Lopes
Neto diz que investigará a hipótese de Gabriel ter batido a cabeça
contra algum objeto. "A mãe dele
disse que o menino estava só
quando começou a chorar."
Funcionários do shopping e
também parentes de Gabriel serão intimados a prestar depoimento nos próximos dias. A polícia aguarda os laudos necroscópico e pericial (do local do incidente) para finalizar as investigações.
O pai de Gabriel, o empresário
José Roberto Thomazette, 51, vai
esperar o resultado dos exames
para decidir se irá ou não processar o shopping. "Não farei nada
até que se chegue a uma conclusão de como tudo isso aconteceu.
Neste momento, eu não quero
acusar ninguém", disse.
O menino era filho único do
empresário. "O Gabriel completaria quatro anos no próximo dia
29. Eu faço 52 no dia 30", contou.
Queda ou má-formação
O neuropediatra Abram Topczewski, do Hospital Israelita Albert Einstein, afirma que uma
pancada na cabeça, não necessariamente uma fratura, pode provocar hematoma cerebral. Os
edemas também decorrem de
quedas simples, como "cair da
própria altura". "Não dá para sugerir culpa do brinquedo nem eliminar a hipótese de acidente durante a brincadeira", diz.
De acordo com o neurocirurgião do HC Hamilton Matushita,
mesmo uma queda em local protegido (acolchoado, por exemplo)
pode provocar um trauma em razão da desceleração da cabeça.
Ela afirma que outra hipótese
que explicaria o problema seria
uma doença de base, ou seja, uma
má-formação congênita nos vasos sangüíneos do cérebro, um
aneurisma ou um tumor cerebral.
Nessa circunstância, explica o
médico, pode ocorrer um sangramento espontâneo, o que leva ao
edema cerebral.
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