São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 2005

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BARRACAS EM XEQUE

Moradores da região escolherão se feirantes continuarão a oferecer produtos na rua Martim Francisco

Voto define futuro de feira em Higienópolis

SIMONE HARNIK
DA REPORTAGEM LOCAL

A exemplo do referendo que determinará se as armas de fogo podem ou não ser comercializadas no Brasil, a Subprefeitura da Sé realizará em agosto uma consulta popular. Na pauta, os eleitores do bairro de Higienópolis, no centro de São Paulo, poderão dizer "sim" ou "não" à feira que acontece às quintas na rua Martim Francisco.
De acordo com a região eleitoral onde se localiza a via, estão aptos a votar 174.407 pessoas -a presença é facultativa.
O subprefeito da Sé, Andrea Matarazzo, já se encontrou com o presidente do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), Álvaro Lazzarini, e pediu auxílio para promover o que chamou de "plebiscito não oficial". "Essa é a melhor forma de decidir para que a feira fique em ordem", disse Matarazzo.
A votação deve acontecer no primeiro ou segundo sábado do mês de agosto, entre as 9h e as 16h. "Preciso dar tempo para o pessoal voltar das férias."
A feira da rua Martim Francisco foi extinta por meio de uma portaria em fevereiro deste ano, mas continuou em funcionamento porque muitos moradores requisitaram. Dentre os problemas apontados pelos que se opõem à feira está a sujeira ocasionada pela água que escorre das barracas. Outro empecilho é a largura da rua, que não teria estrutura para acomodar os caminhões.
As urnas empregadas não poderão ser as eletrônicas, que já estão reservadas para a realização do referendo sobre as armas do dia 23 de outubro. Por isso, o tribunal deve oferecer as urnas de lona antigas. Matarazzo ainda espera contar com as listas oficiais de eleitores da região.
"Eu não vejo outra forma de fazer sem ser com as listas do TRE", afirmou ele. "Quem vota em Higienópolis e não é morador da área não vai ter o menor interesse em votar", explicou.
De acordo com o subprefeito da Sé, deve ser escolhido um colégio da área e voluntários para organizar os eleitores. "Precisamos ainda de fiscais dos grupos que são contra e a favor da feira", acrescentou. Ele ainda afirma que será proibido afixar faixas e cartazes durante a campanha.
As redondezas da rua Martim Francisco pertencem à 2ª zona eleitoral, nomeada como Perdizes. Segundo a última atualização do TRE, de setembro de 2004, existem 174.407 eleitores aptos a votar. A zona está dividida em 37 locais de votação e 403 sessões.
Dentre os moradores, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) é um dos que poderão decidir entre a permanência ou retirada da feira. Nas eleições passadas, ele foi ao Colégio Nossa Senhora do Sion escolher seus candidatos a prefeito e vereador. "E nós vamos pedir para ele votar", brincou o subprefeito.
A idéia, de acordo com Matarazzo, partiu do prefeito José Serra (PSDB), depois de observar a celeuma que a retirada da feira provocou no bairro, com repercussão na mídia.
"Quando o subprefeito suspendeu a feira, veio gente reclamando que queria a feira. E os que não queriam não falaram nada. Aí, voltou a feira e os que queriam não reclamaram. A gente fica sempre no pior dos mundos", afirmou Serra.


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