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Surfista ficou 1
mês no país sem
saber de sarampo
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA
Campeão do circuito mundial
de surfe do WQS (World Qualifying Series) -segunda divisão do
esporte mundial- em 1998, Fabio Gouveia, 36, que mora em
Florianópolis (SC) com a mulher
e os três filhos, é o surfista infectado com sarampo que trouxe a
doença ao Brasil no mês passado.
Ele chegou ao Brasil no dia 13 de
junho, e o sarampo só foi confirmado em 18 de julho. Normalmente, o doente continua transmitindo o sarampo quatro dias
antes e quatro dias depois de surgirem erupções na pele, sintoma
da doença.
Além dele, seu filho Ian, 13, e
um empresário de 38 anos -
também de Florianópolis- que
esteve no mesmo avião usado por
Gouveia, foram contaminados.
Em entrevista à Folha, o paraibano, 41º no ranking do WQS,
disse que voltou da 13ª etapa, nas
Ilhas Maldivas, "meio adoentado", mas jamais pensou que pudesse ter sarampo.
Passou por São Paulo e foi para
casa. Um dia depois, estava na Bahia para a etapa seguinte do circuito, na Costa do Sauípe.
Gouveia, que acumula títulos
como o Brasileiro de 1998 e o
Mundial Amador de 1988, disse
que, com a doença, mal conseguia
se equilibrar na prancha. "Não
consegui pegar onda, não tinha
força", lembra.
"Voltei bem ruim da Bahia. Fui
ao hospital e fiz exames. Deu leptospirose. No segundo exame, já
deu negativo. Só fui saber que tive
sarampo há pouco."
Suspeita de dengue
Gouveia conta que chegou a
procurar um posto de saúde pensando ter dengue. "É aquela coisa
de surfista. É difícil uma doença
derrubar a galera. Como eu achava que estava gripado, pensei que
não teria problema. Mas, quando
botei o pé na água, vi que estava
mal. Lá [na Bahia] é quente, e eu
estava morrendo de frio, até com
roupa de borracha."
Ele diz que sabe que pegou sarampo no avião ou nas Ilhas Maldivas. "Passei 14 dias no lugar e só
no dia em que eu fui embora é que
comecei a sentir [sintomas]."
A Vigilância Epidemiológica de
Santa Catarina ainda estuda como o filho dele contraiu a enfermidade. Segundo Gouveia, as três
crianças, assim como sua mulher,
Elka, tomaram a vacina.
O surfista, que ficou três dias na
Bahia, afirma ainda que durante o
período em que esteve doente não
freqüentou lugares públicos.
O Ministério da Saúde afirma
que só haverá vacinação na Bahia,
no Distrito Federal, no Rio de Janeiro e em São Paulo, por onde
Gouveia passou, se for notificado
algum caso.
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