São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 2005

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SAÚDE

Manchas e irritações na pele motivaram a medida; a suspeita é que não tenha sido utilizada hena apropriada

Após reclamações, Porto Seguro proíbe tatuagem temporária

EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA

A Prefeitura de Porto Seguro proibiu que sejam feitas tatuagens temporárias na cidade do sul da Bahia, onde a atividade dos tatuadores ambulantes é muito disseminada ao longo da orla e na passarela do Álcool, ponto de agito no centro.
A decisão foi tomada, pois, nos últimos seis meses, cerca de 60 pessoas buscaram atendimento em postos de saúde com irritações ou manchas na pele, segundo o secretário Eudes Faria (Saúde). A suspeita é que tenha sido usada substância diferente da hena adotada nos desenhos na pele.
A proibição é resultado de uma portaria baixada pela prefeitura no último dia 14 e publicada quatro dias depois. Em comum, as pessoas foram tatuadas com o que seria hena -que, em estado natural, é uma tintura extraída da casca e folhas de um arbusto comum no Oriente.
Na portaria, o secretário justifica a proibição pela "falta de informação sobre a procedência e a composição química da tinta".
Amostras estão sendo analisadas pela Vigilância Sanitária baiana. Ontem foram apreendidas embalagens de tintura para cabelo com três tatuadores. Segundo Faria, o uso desse tipo de tinta deve ter causado a reação alérgica.
A assessoria da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) disse que não há no Brasil regulamentação para uso de hena em tatuagens, apenas para a composição de tinturas para cabelo.
O secretário da Saúde de Porto Seguro disse que, nos próximos 30 dias, será lançada uma campanha de divulgação da proibição. Ele afirmou haver possibilidade de licenças especiais serem concedidas a tatuadores que comprovem usar hena em seus trabalhos.
Um levantamento da prefeitura aponta aproximadamente 150 tatuadores no município. O preço da aplicação varia de acordo com o tipo e o tamanho: de R$ 5 a R$ 30. A figura pode ficar sobre a pele até 15 dias, caso seja retocada -em média, dura dez dias.
Diego Nunes da Rocha, administrador da barraca Area Beach, na praia de Taperapuan, apoiou a decisão da secretaria. "Eles incomodam o turista. Chegam riscando o corpo e acabam obrigando o turista a fazer o desenho", disse.
Tatuadores paulistas que usam hena não vêem problema no produto. Segundo o tatuador Eddie, 29, uma possível irritação na pele acontece quando a pessoa é alérgica a hena. "Tem que fazer um teste antes pingando um pouco de hena na mão da pessoa para ver se fica irritada." Mesmo com o cuidado, ele contou que já teve caso de cliente que reclamou de ter tido inflamação devido ao produto.


Colaborou a Reportagem Local


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