São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 2006

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Júri condena 3 envolvidos no caso Liana

Penas chegaram a 177 anos de reclusão e incluíram crimes como seqüestro e estupro; casal de namorados foi morto em 2003

Condenação foi decidida por unanimidade pelo júri, composto por seis homens e uma mulher; réus ainda podem recorrer


DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Eram quase três horas da manhã quando os jurados, comovidos, pediram para abraçar os pais do casal Liana Friedenbach e Felipe Caffé, assassinados em Embu-Guaçu em novembro de 2003. Eles tinham acabado de condenar três dos cinco acusados de seqüestrar e ajudar a matar os estudantes, que na época tinham 16 e 19 anos. Liana também foi violentada diversas vezes.
Antônio Caetano da Silva, que ajudou os outros criminosos nos estupros e nos assassinatos -ele cedeu sua casa como cativeiro, fez a ronda da região e ainda assistiu a pelo menos oito estupros-, foi condenado a 124 anos de reclusão. Mas vai cumprir no máximo 30, como previsto em lei.
Agnaldo Pires foi sentenciado a 47 anos e três meses de reclusão por estupro. O terceiro acusado, Antônio Matias de Barros, foi condenado a seis anos de prisão por posse de arma, favorecimento pessoal e cárcere privado.
Até a tarde, nenhum dos três havia recorrido da sentença, promulgada pela juíza Alena Cotrim Bizzarro na Câmara Municipal de Embu-Guaçu.
O advogado de Barros, Ricardo Casado, comemorou o resultado. "Fiquei satisfeito com a pena e não vamos recorrer." Seu cliente é o único que cumprirá a sentença em regime semi-aberto, já que ficou quase três anos preso.
Além da pena de seis anos, ele foi condenado a outra, de um ano e nove meses, que, segundo o defensor, será transformada em multa.
Já o advogado de Pires, Armando Sampaio Rezende Júnior, aguarda a decisão de seu cliente para saber se entrará com recurso. "Ele tem o direito de recorrer, mas, por enquanto, não se manifestou", afirmou.
Mesmo que sua punição seja mantida, Pires também deve ficar 30 anos na prisão, tempo máximo permitido pela lei.
O advogado de Silva, Dorival de Moraes, não retornou às ligações da Folha.
A condenação dos três réus foi decidida por unanimidade pelo júri, composto por seis homens e uma mulher. Eles votaram em 16 séries de quesitos (havia uma série para cada acusação para cada réu), que somaram mais de 40 itens. No fim do julgamento, que durou dois dias, eles se solidarizaram com a perda das famílias e alguns não contiveram o choro.
A assistente de acusação, Carla Domênico, se emocionou. "Eles foram punidos com o rigor da lei. Que sirvam de exemplo para que barbaridades como esta não se repitam."
A juíza não falou com a imprensa e manteve todo o caso sob segredo de Justiça. Nem os nomes das testemunhas foram divulgados. A promotora Helena Bonilha Toledo Leite disse não saber se os condenados irão recorrer. "Estou satisfeita com a sentença de cada um. Nosso trabalho valeu a pena."
O quarto acusado do crime, Paulo Cézar Marques, o Pernambuco, que atirou em Felipe, entrou com recurso na Justiça e não foi julgado com os outros. Já o menor acusado de estuprar e matar Liana continua internado em uma unidade da Febem.


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