São Paulo, terça, 21 de julho de 1998

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FALSIFICAÇÃO
Nome aparece nos depoimentos de todos os donos de distribuidoras que venderam o Androcur falso
Polícia aponta líder da máfia dos remédios

Leonardo Colosso/Folha Imagem
Caixas com remédio Androcur falsificado que foram apreendidas pela polícia do 1º DP de Santo André


ANDRÉ MUGGIATI
da Reportagem Local


Um homem identificado como Élcio, 38, é apontado pela polícia de Santo André (Grande São Paulo) como um dos líderes da máfia que está ligada à venda do remédio Androcur falso.
Élcio seria o responsável pela empresa Minister, que vendeu Androcur falsificado para a distribuidora Ação, de Belo Horizonte.
A Ação vendeu o remédio para câncer de próstata falso para hospitais em pelo menos sete Estados. O medicamento falsificado estaria ligado à morte de dez pessoas.
O nome de Élcio aparece nos depoimentos de todos os donos de distribuidoras que venderam o medicamento falso (leia texto nesta página), em inquérito sobre o caso no 1º DP de Santo André.
Ele também foi apontado como sendo o fornecedor do Androcur para as distribuidoras Canaã, de Campinas, e PAS, de Santo André.
Para efetuar a venda do remédio falso, Élcio usava as notas da Minister que, segundo a Junta Comercial, está falida desde 96.
De acordo com a polícia, Élcio -que seria de Santo André- muda-se frequentemente de endereço e suas casas são sempre compradas no nome de outras pessoas.
Ainda segundo policiais do DP que investigam o paradeiro do corretor de remédios falsos, ele seria um homem sofisticado, que gosta de carros importados -e também costuma trocá-los com frequência.
Élcio faz a maioria de suas transações usando telefones celulares, que compra mas não transfere para seu nome. Esses telefones são sempre substituídos, em média, a cada três ou quatro meses, segundo a polícia.
De acordo com os policiais, seu último endereço seria em uma chácara, no interior de São Paulo, que estaria registrada no nome de uma mulher.
"Quando pegarem o Élcio, tudo vai se esclarecer", disse à Folha Haroldo Abreu, dono da distribuidora PAS, de Santo André, uma das envolvidas no caso.
De acordo com Abreu, Élcio se apresenta como sendo o dono da Minister. Abreu afirmou, em depoimento à polícia, que recebeu o Androcur de Élcio em troca do remédio Antrac, o qual teria fornecido ao dono da Minister.
Toda a transação, de acordo com Abreu, foi feita sem o uso de notas fiscais. A seguir, o remédio falso foi vendido pela PAS para a Dipron, de Campinas.
A Dipron, por sua vez, venceu uma concorrência pública para vender o Androcur para o Hospital Central de Ribeirão Preto.
Em março, foram apreendidas 2.640 caixas do lote 351, falso, do medicamento no hospital.



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