São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 2000


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Empresa fora alertada sobre problemas de linha

ALENCAR IZIDORO

DA REPORTAGEM LOCAL

A CPTM já havia sido alertada desde 1997 sobre a necessidade de reformar os pantógrafos dos trens e a rede aérea da linha A (Noroeste), que liga Barra Funda a Francisco Morato.
A composição 127 teve problemas nesses equipamentos horas antes de ficar desgovernada e provocar o acidente que deixou nove mortos em 28 de julho.
Na ocasião, o pantógrafo (parte de cima do trem que capta energia) se enroscou na rede aérea, o que causou queda de energia e obrigou a locomotiva a permanecer parada entre as estações Jaraguá e Perus.
Segundo o relatório final da comissão de sindicância da CPTM, as obras de emergência para resolver as deficiências na rede aérea dessa linha começaram a ser feitas em 97, mas não foram concluídas "em razão do encerramento imperativo do contrato de emergência que, por imposição legal, tem duração máxima de seis meses".
"Em decorrência, o trecho Pirituba-Jundiaí passou a operar com sistema de rede aérea com projetos e tecnologias distintos, trazendo consequências de compatibilidade com o material rodante e provocando o aumento do número de ocorrências prejudiciais à operação", diz um trecho do relatório, na página 16.
No segundo semestre de 1997, "foi detectado também um desgaste acentuado e localizado nas canoas dos pantógrafos que circulavam nessa linha".
A análise completa do sistema voltou a ser feita em 1998. Desta vez, os técnicos da CPTM contaram com a participação de um especialista da RATP (Governo Autônomo de Transportes Parisienses), que administra o metrô de Paris, na França.
Eles fizeram vistoria no trecho Pirituba-Jundiaí, "tendo recomendado a conclusão das obras que haviam sido suspensas pelo encerramento temporal do contrato".
A CPTM incluiu a previsão dessas obras emergenciais dentro do programa Trem Bom, que não saiu do papel. Na última quinta-feira, o presidente da companhia, Oliver Hossepian Salles de Lima, disse que o projeto deveria contar com empréstimo do Japan Eximbank, banco japonês.
Segundo ele, o pedido foi feito em 1996. Para a verba ser colocada à disposição, faltaria autorização do governo federal e do Senado.
O relatório da comissão de sindicância da CPTM aponta ainda que o número de ocorrências de rede aérea aumentou no final de 1999, principalmente nos trechos que não haviam sofrido intervenções das obras emergenciais.
Esse incremento consta de um documento preparado pela equipe de manutenção da empresa.


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