São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 2000


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DISPUTA EM SP

Com perfis extremos, os concorrentes a vaga de vereador vão de sapateiro sem nenhum bem a advogado milionário

Candidatos têm patrimônio de até R$ 9,3 mi

DA REPORTAGEM LOCAL

A disputa por uma das 55 cadeiras de vereador na Câmara Municipal de São Paulo é realizada por concorrentes com perfis extremos. O patrimônio, por exemplo, varia do "nada a declarar" a bens avaliados em R$ 9,3 milhões.
A diferença de idade chega a 66 anos e as funções que exercem vão de dona-de-casa a administrador de empresas.
A escolaridade também apresenta extremos. Dos 1.090 candidatos, 469 têm curso superior completo. Mas 144 não passaram do ensino fundamental, antigo 1º grau -11 destes informaram que só "lêem e escrevem".
A lista de 1.090 candidatos, de 31 partidos diferentes, representa 60% mais de concorrentes do que na eleição passada. Eles vão disputar em outubro o voto de 7,1 milhões de eleitores. A briga promete ser boa. Cada candidato terá de derrotar 19,8 adversários para fazer parte do Poder Legislativo e definir os rumos da cidade nos próximos quatro anos.
A participação proporcional da mulher caiu em relação à última eleição. Neste ano, elas representam 18,8% dos candidatos a vereador. Na eleição passada, eram 23%.
Entre os partidos, há alguns inchados e outros enxutos. O PTB, por exemplo, é o que mais candidatos tem -85, no total. Já o PRN e o PCB concorrem com apenas dois candidatos cada um.
O perfil deles foi obtido pela Folha a partir dos documentos que entregaram à Justiça Eleitoral de São Paulo para obter o registro da candidatura.
Pelos dados fornecidos, as diferenças sociais do grupo são tão contrastantes quanto suas ideologias político-partidárias.
Os mais ricos declararam ter jóias, ouro em barra, tapetes orientais, lanchas, aviões e muitos carros importados -Porsche, Jaguar e BMW, por exemplo.
Os mais pobres disseram que simplesmente não possuem nenhum bem ou, quando o tem, pode limitar-se a um apartamento na Cohab, um telefone ou uma Brasília. No grupo dos bem sucedidos há concorrentes como o advogado Celso Meira (PTB), 40, dono do patrimônio declarado de R$ 9,3 milhões.
"Chega um determinado momento na vida em que você não se sente feliz e importante apenas adquirindo bens materiais. Às vezes, você tem de prestar serviço à coletividade para se sentir feliz e importante", diz sobre a razão de sua candidatura a vereador e a um salário de cerca de R$ 4.500,00.
Se for eleito, Meira quer levar o seu "espírito empreendedor" para a Câmara e defender a educação, setor no qual atua há 20 anos com sua empresa de consultoria.
Do outro lado da linha social, o sapateiro Antonio Reis, 56, também batalha para chegar à Câmara. Filiado ao PT, sua vida simples contrasta com a de Meira.
Reis não pensa em ser "importante", mas apenas quer ajudar a candidata de seu partido, Marta Suplicy, "a fazer um bom governo", caso ambos sejam eleitos. O sapateiro é um dos muitos que declararam à Justiça Eleitoral que não têm nenhum bem material.
A maioria dos candidatos é advogado -95 concorrentes. Há também aqueles que já acham que a função de vereador é profissão. Entre os atuais 53 candidatos à reeleição, 11 informaram à Justiça que sua profissão é vereador. Entre eles está Wadih Mutran (PPB), da tropa de choque do prefeito Celso Pitta, e que tenta chegar à sua quarta legislatura.
O sobrenome mais comum entre os candidatos é Silva (128 pessoas). Os Josés são 69 e as Marias, 53. Jesus é o nome de 12 concorrentes, enquanto 7 (religiosos) disseram que estão a serviço Dele (Deus). (CHICO DE GOIS, JOÃO CARLOS SILVA, GILMAR PENTEADO)


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