|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CANDELÁRIA PAULISTA
Secretária municipal da Assistência Social critica ação da Polícia Militar; secretário da Segurança contesta
Estado e prefeitura trocam novas acusações
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo do Estado e a Prefeitura de São Paulo voltaram a trocar acusações relacionadas ao ataque a moradores de rua no centro
da cidade.
A secretária municipal da Assistência Social, Aldaíza Sposati, criticou ontem a ação da PM na noite que sucedeu os crimes. Segundo ela, a PM "atravessou" a ação
dos assistentes sociais da prefeitura. "Foi uma equipe [de policiais]
com pranchetas e começou a carregar as pessoas para albergues.
Ficamos até quase 2h negociando
com a PM, [dizendo] que esse não
era o caminho. Foi constrangedor", afirmou a secretária.
Também criticou o secretário
estadual de Segurança Pública,
Saulo de Castro Abreu Filho.
"Não sei por que o secretário passou a atacar, dizendo que a prefeitura não tem albergues, o que é
uma grande mentira."
Atendimento social
A Secretaria de Segurança divulgou nota anteontem em que afirmava que a PM tenta encaminhar
os moradores de rua, mas "não há
albergues disponíveis".
Ontem, Abreu Filho afirmou
que os policiais passam parte do
tempo atendendo casos referentes a problemas sociais, atribuição
da prefeitura, segundo ele.
"A viatura [da Polícia Militar]
está lá para cuidar da segurança,
mas faz parto, pega bêbado e
doente mental".
Sobre o fato de nenhum policial
ter presenciado o crime, o secretário afirmou: "Quem sabe estava
fazendo até algum atendimento
social, por isso não estava uma
viatura ali".
Sobre as investigações feitas pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa),
Abreu Filho disse que segue "uma
linha correta". "O caso está na
melhor delegacia que nós temos,
tenho certeza de que vamos descobrir [os culpados]".
Candidatos
A prefeita Marta Suplicy (PT)
visitou ontem, antes do almoço,
os moradores de rua sobreviventes do ataque de anteontem no
centro. Depois, pediu um minuto
de silêncio em discurso e classificou o ato de "tragédia".
"O que aconteceu nesta cidade
traz o luto a cada um de nós. É
uma demonstração de intolerância e preconceito. Esta cidade está
não só horrorizada, mas indignada e devastada com a tragédia que
nos acometeu", disse a prefeita.
Para o candidato tucano na disputa pela prefeitura paulistana,
José Serra, o massacre foi "desafortunado, lamentável, triste".
"Foi um ato de desumanidade como poucas vezes eu vi", disse.
O candidato aproveitou a troca
de acusações entre a prefeitura
petista e o governo tucano decorrente do episódio para atacar
Marta Suplicy, sua principal adversária nas eleições de outubro:
"É um jogo de empurra usual
do PT, um partido que não
agüenta críticas, mas é louco para
criticar. Tudo que acontece é sempre culpa dos outros. Mas eu não
vou fazer o que ela está fazendo.
Eu não vou botar a culpa na prefeitura, embora a Guarda Municipal atue no centro da cidade."
Procurado pela Folha, o governador Geraldo Alckmin (PSDB)
não quis comentar o caso. Apenas
divulgou uma nota, na qual afirmou estar "estarrecido com o
acontecimento".
Texto Anterior: Com medo, mas sem opção, pessoas seguem dormindo na rua Próximo Texto: Frases Índice
|