São Paulo, sábado, 21 de agosto de 2004

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CANDELÁRIA PAULISTA

Secretária municipal da Assistência Social critica ação da Polícia Militar; secretário da Segurança contesta

Estado e prefeitura trocam novas acusações

DA REPORTAGEM LOCAL

O governo do Estado e a Prefeitura de São Paulo voltaram a trocar acusações relacionadas ao ataque a moradores de rua no centro da cidade.
A secretária municipal da Assistência Social, Aldaíza Sposati, criticou ontem a ação da PM na noite que sucedeu os crimes. Segundo ela, a PM "atravessou" a ação dos assistentes sociais da prefeitura. "Foi uma equipe [de policiais] com pranchetas e começou a carregar as pessoas para albergues. Ficamos até quase 2h negociando com a PM, [dizendo] que esse não era o caminho. Foi constrangedor", afirmou a secretária.
Também criticou o secretário estadual de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho. "Não sei por que o secretário passou a atacar, dizendo que a prefeitura não tem albergues, o que é uma grande mentira."

Atendimento social
A Secretaria de Segurança divulgou nota anteontem em que afirmava que a PM tenta encaminhar os moradores de rua, mas "não há albergues disponíveis".
Ontem, Abreu Filho afirmou que os policiais passam parte do tempo atendendo casos referentes a problemas sociais, atribuição da prefeitura, segundo ele.
"A viatura [da Polícia Militar] está lá para cuidar da segurança, mas faz parto, pega bêbado e doente mental".
Sobre o fato de nenhum policial ter presenciado o crime, o secretário afirmou: "Quem sabe estava fazendo até algum atendimento social, por isso não estava uma viatura ali".
Sobre as investigações feitas pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), Abreu Filho disse que segue "uma linha correta". "O caso está na melhor delegacia que nós temos, tenho certeza de que vamos descobrir [os culpados]".

Candidatos
A prefeita Marta Suplicy (PT) visitou ontem, antes do almoço, os moradores de rua sobreviventes do ataque de anteontem no centro. Depois, pediu um minuto de silêncio em discurso e classificou o ato de "tragédia".
"O que aconteceu nesta cidade traz o luto a cada um de nós. É uma demonstração de intolerância e preconceito. Esta cidade está não só horrorizada, mas indignada e devastada com a tragédia que nos acometeu", disse a prefeita.
Para o candidato tucano na disputa pela prefeitura paulistana, José Serra, o massacre foi "desafortunado, lamentável, triste". "Foi um ato de desumanidade como poucas vezes eu vi", disse.
O candidato aproveitou a troca de acusações entre a prefeitura petista e o governo tucano decorrente do episódio para atacar Marta Suplicy, sua principal adversária nas eleições de outubro:
"É um jogo de empurra usual do PT, um partido que não agüenta críticas, mas é louco para criticar. Tudo que acontece é sempre culpa dos outros. Mas eu não vou fazer o que ela está fazendo. Eu não vou botar a culpa na prefeitura, embora a Guarda Municipal atue no centro da cidade."
Procurado pela Folha, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) não quis comentar o caso. Apenas divulgou uma nota, na qual afirmou estar "estarrecido com o acontecimento".


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