São Paulo, sábado, 21 de agosto de 2004

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DESARMAMENTO

Ministério da Justiça deve recorrer da decisão de juiz de Sergipe

Liminar suspende destruição de arma entregue ao governo

EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA

Uma liminar (decisão provisória) da Justiça Federal em Sergipe determina em todo o Brasil a suspensão da destruição de armas recolhidas pela campanha do desarmamento do governo federal.
Datado de quarta-feira, o despacho do juiz Edmilson da Silva Pimenta, da 3ª Vara da Justiça Federal, atendeu a pedido de liminar do Ministério Público Federal.
Na ação, o procurador Paulo Gustavo Guedes Fontes defende que armas, acessórios e munições arrecadados na campanha que estejam em bom estado sejam incorporados ao patrimônio da União para uso policial e militar. Pede também que sejam poupados armamentos com valor histórico-cultural ou artístico.
O principal argumento dele se baseia na interpretação da própria lei que instituiu o Estatuto do Desarmamento (10.826). No parágrafo único do artigo 32, assinala que "as armas recebidas constarão de cadastro específico e, após a elaboração de laudo pericial, serão encaminhadas, no prazo de 48 horas, ao Comando do Exército para destruição, sendo vedada sua utilização ou reaproveitamento para qualquer fim".
O procurador considera que "o legislador não autorizou a destruição das armas em condições de uso, mas tão somente daquelas imprestáveis". "Chega-se a tal conclusão pela exigência (...) de laudo pericial, que visa justamente a atestar que o equipamento é inservível para a administração. Do contrário, qual a utilidade do laudo pericial?", registrou o procurador no texto da ação.
A assessoria de imprensa do Ministério da Justiça informou que, até ontem, o órgão não havia sido notificado oficialmente da decisão do juiz e que vai buscar cassar a liminar, via Advocacia Geral da União, após a notificação.
Para o ministério, a lei é clara quando diz que todas as armas entregues devem ser destruídas.
Sobre a questão do laudo pericial, a informação passada foi que ele se faz necessário para que o poder público estabeleça um banco de dados de cada arma entregue para, por exemplo, saber se ela foi utilizada em algum crime.
De acordo com o balanço mais recente da Polícia Federal, cerca de 55 mil armas foram recolhidas em todo o país desde 15 de julho, quando começaram a ser pagas as indenizações pela entrega -que variam de R$ 100 a R$ 300.


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