São Paulo, sábado, 21 de agosto de 2010

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Metade das casas ainda não tem esgoto

Em 8 anos, passou de 33,5% para 45,7% o total de domicílios que dispõem da rede, segundo pesquisa do IBGE

Em 20% das moradias, não há rede de água, e o abastecimento é feito por poços, caminhões-pipas ou "gatos"

VERENA FORNETTI
DO RIO

O número de domicílios do país com acesso a rede de esgoto passou de 33,5% em 2000 para 45,7% em 2008.
Os dados estão na Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada ontem.
Quando a análise é feita por municípios, a pesquisa revela que um quinto das cidades despeja seu esgoto de forma inadequada, em fossas sem tratamento, na água ou a céu aberto.
Outras 27% lançam os dejetos em fossas sépticas (dispositivo do tipo câmara que é isolado do solo e faz a filtragem do dejeto).
A existência de rede não significa que haja tratamento. Em apenas 29% dos municípios, o esgoto coletado é tratado, percentual que aumenta para 48% no Sudeste.
As cidades com tratamento, no entanto, são justamente as de maior porte, que concentram mais população. O IBGE constatou também a falta de rede pública de água em 20% das moradias, onde o abastecimento é feito por poços, caminhões-pipas ou "gatos". A necessidade de racionar água existe em 25% dos municípios do Norte e 40% do Nordeste.

LIXÕES
Outro tema da pesquisa é o lixo. Metade das cidades usa lixões a céu aberto, prática que é crime ambiental.
Embora os percentuais negativos sejam altos, Luciano Bastos, pesquisador da Coppe/UFRJ, afirma que os dados devem ser relativizados.
"Os municípios não produzem quantidades iguais de lixo. Só 1% dos lixões estão em municípios com mais de 100 mil habitantes", diz.
A mesma ponderação é feita por Antonio Tadeu de Oliveira, gerente da pesquisa do IBGE, a respeito da rede de esgoto. Ele cita municípios da região Sul, em que a população se dedica à agricultura familiar. "Não há escala para o serviço. Algumas prefeituras, então, fornecem a fossa séptica para as famílias."
Mas há cidades de médio porte com o problema. Teresópolis (RJ), com 160 mil habitantes, não tem rede de esgoto. Nos bairros pobres, os dejetos são lançados diretamente no rio. Em condomínios, com fossas sépticas.


Colaborou ANTÔNIO GOIS


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