|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BARBARA GANCIA
Lavar as mãos não é mais uma opção
N ova Zelândia, 1, Brasil,
5, Alemanha, 40, Grã-Bretanha, 100... À medida que a CNN
vai apresentando a longa lista
das nacionalidades dos presumidos mortos nos ataques, o mundo
não pode ter mais dúvidas: a
agressão não foi dirigida contra
norte-americanos. Fomos todos
vítimas da barbárie.
Do prefeito de Teerã, que enviou carta de condolências a Rudolph Giuliani, aos estudantes
australianos, que fizeram vigília
para rezar pelos mortos, o mundo
inteiro se compadece com as vítimas. Todos perderam alguém.
Todos sentiram a violência no fígado. Mas, por algum motivo,
nós, tapuias, estamos insulados
do sofrimento à nossa volta.
Nas noites de terça, conduzo
um bate-papo na internet. Nesta
semana, a maioria das perguntas
feitas pelos internautas dizia respeito à culpa dos norte-americanos nessa história. Chegou a tal
ponto que tive de lembrar a platéia de que os EUA foram as vítimas e não os perpetradores da
agressão.
Em toda parte se fez um minuto
de silêncio. Quantos brasileiros
você viu, caro leitor, homenageando os mortos? Por acaso formou-se uma fila de condolências
na porta do consulado americano
em São Paulo? Alguém se deu ao
trabalho de colocar flores em
frente à embaixada americana?
Ao contrário. Estudantes e representantes do MST só deram as caras para protestar contra uma
possível ação militar, que resulte
na morte de afegãos inocentes.
Eu gostaria de lembrar esse pessoal que se preocupa com o bem-estar dos afegãos de que guerras
ao estilo napoleônico, em que soldados se encontravam no campo
de batalha -tendo deixado mulheres e filhos em casa-, estão
tão mortinhas quanto a mãe do
almirante Nelson.
Aos inocentes que têm assinado
petições para tentar convencer o
governo americano a não atacar
povos indefesos, quero apenas
lembrar que, se os EUA não tivessem cedido à opinião pública e
encerrado a Guerra do Golfo antes do tempo, neste momento,
Saddam Hussein estaria preso ou
morto e não teria ajudado os fanáticos que cometeram os atentados contra os EUA.
Ninguém gosta do autoritarismo do Tio Sam. Mas, desta vez, é
diferente. E não adianta fingir
que não temos nada a ver com isso. Não adianta mais agir como
aquele advogado tapuia, que resolveu fazer uma brincadeira descabida na hora do embarque em
NY e se esqueceu de que ainda há
milhares de corpos, inclusive brasileiros, sob os escombros.
QUALQUER NOTA
Giuliani tapuia
Só no Brasil. Em Alto da Boa
Vista, cidade de 2.000 habitantes a 1.100 km de Cuiabá
(MT), o prefeito é um homem prevenido. Minutos depois de ver na TV que os Estados Unidos estavam sofrendo um ataque, ele ordenou
que a prefeitura fosse prontamente evacuada.
Na maciota
A administração da simpática praça que faz esquina com
a al. Ministro Rocha Azevedo
e a av. Paulista cobra uma taxa de R$ 2,50 de quem deseja
tirar fotos no local. Tomara
que a moda não chegue ao
Corcovado e às cataratas do
Iguaçu.
E-mail - barbara@uol.com.br
Internet: www.uol.com.br/barbaragancia/
Texto Anterior: Redução teve início em 1926 Próximo Texto: Trânsito: Circulação de ruas na Vila Prudente muda Índice
|