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TRÂNSITO
Planalto acha que penas excessivamente rígidas demais tornam nova lei impraticável
Governo pode vetar as multas
severas para evitar distorções
da Sucursal de Brasília
O Palácio do Planalto estuda a
possibilidade de vetar todo o capí
tulo de multas e de penas para os
infratores do novo Código Nacio
nal de Trânsito, aprovado no últi
mo dia 3 pela Câmara.
Essa parte foi considerada muito
severa pela assessoria jurídica do
Planalto.
Segundo a assessoria, isso pode
levar a distorções e ter efeito con
trário: por ser tão rígida, sua apli
cação seria impraticável.
No caso das multas, os valores
muito elevados e cumulativos po
dem levar a uma situação que está
sendo chamada no Palácio do Pla
nalto de "perversa": o dono de um
carro antigo poderia ser multado
em um valor que chegaria a ser
mais elevado que o do carro.
A mesma situação está sendo le
vada em conta no caso das penas.
Advogados de renome ouvidos pe
la assessoria jurídica do Planalto
consideram que as sanções do no
vo Código acabarão por criar, a
médio prazo, uma grande quanti
dade de pessoas inabilitadas para
dirigir.
Essas pessoas passariam a dirigir
sem habilitação, algumas até por
questão de sobrevivência (moto
ristas profissionais, por exemplo),
tornando o trânsito muito mais
perigoso.
Erros
Os advogados encontraram ain
da erros de redação no capítulo de
multas e sanções.
Se sancionado da forma como
está, facilmente seria objeto de
contestação judicial, pois permite
pelo menos duas interpretações
em vários pontos.
A solução que está sendo estuda
da pelo governo é enviar para o
Congresso um projeto de lei, em
regime de urgência, com nova
proposta de multas e penas.
O encaminhamento seria feito
junto com a sanção das demais
partes do Código, prevista para o
dia 23.
Como o novo Código só entra
em vigor três meses depois da san
ção, o tempo é considerado sufi
ciente para que as novas regras se
jam analisadas pelos deputados e
senadores.
Se isso não for possível, o código
entrará em vigor de forma defi
ciente.
Airbag
Outra parte que deve ser vetada é
a que institui a obrigatoriedade de
todos os carros nacionais virem de
fábrica equipados com airbag (col
chão inflável acionado em caso de
acidente).
Segundo o governo, não é o fato
de o equipamento tornar os carros
mais caros ou as reclamações das
montadoras de veículos que leva
rão ao veto.
O airbag será vetado por ser um
equipamento em evolução, que
pode ser superado a qualquer mo
mento pela indústria, e sua men
ção no Código tornaria as monta
doras obrigadas a mantê-lo nos
carros, ainda que defasado.
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