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ELEIÇÕES NA USP
Primeiro turno para escolha do substituto de Jacques Marcovitch será realizado na quarta-feira
Próximo reitor pretende conter fundações
RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se depender do que propõem os
nove candidatos a reitor da USP
(Universidade de São Paulo), suas
fundações de apoio deverão sofrer controle mais rigoroso a partir da próxima gestão.
O assunto -que provocou
grande polêmica e até obstrução
da reitoria por estudantes, cancelando por duas vezes votação do
Conselho Universitário sobre a
regulamentação das fundações-
ficou irresolvido na atual gestão,
de Jacques Marcovitch, que termina em 25 de novembro.
O primeiro turno das eleições
está marcado para a próxima
quarta-feira. Apenas um candidato, o professor da ECA (Escola de
Comunicações e Artes) Jair Borin,
defende o fim das fundações, que
prestam consultoria privada e
mantêm cursos remunerados, entre outras atividades -em alguns
casos, utilizando infra-estrutura
física e professores da USP.
Os demais dizem ser necessário
um maior controle da universidade sobre as instituições, que, por
definição, não têm fins lucrativos.
Em princípio, elas deveriam
servir para captar recursos externos para a USP, mas, segundo
seus críticos, não existe controle
público efetivo sobre esse dinheiro (veja as propostas dos candidatos para esta e outras cinco questões levantadas pela Folha no
quadro abaixo).
Os candidatos vêm participando de um périplo por várias faculdades da USP para expor as suas
idéias. O pleito, no entanto, está
morno, na opinião do presidente
da comissão eleitoral, Walter Colli, candidato por duas vezes em
eleições passadas.
"Desta vez não está havendo
grandes embates entre os candidatos nem polarização de idéias;
ou porque as pessoas não se entusiasmaram por ninguém ou porque eles estão muito cavalheirescos", afirma Colli.
O professor do Instituto de Física da USP Luis Carlos de Menezes, autor de "Universidade Sitiada" (ed. Fundação Perseu Abramo) e um dos coordenadores dos
parâmetros curriculares nacionais do Ministério da Educação,
aponta como principal questão a
ser pensada pelo novo reitor a co-responsabilidade da USP com a
nação. "Falta à universidade interagir mais com o mundo lá fora e
com seus próprios pares." Sobre a
questão, a opinião dos candidatos
se divide (leia texto abaixo).
Renato Janine Ribeiro, professor de ética e filosofia política na
USP, diz que o Estado se desinteressou da universidade. "A avaliação do MEC não resulta em nada,
as boas não recebem incentivo.
Os reitores estão mais administrando a penúria do que fazendo
coisas novas." Para ele, o novo reitor deve ser alguém com liderança. "Isso está faltando, alguém
com autoridade moral, com perfil
de pesquisador", disse.
Eunice Durham, coordenadora
do Núcleo de Pesquisas sobre Ensino Superior da USP, afirma que
a autonomia da universidade deve ser revista. "A distribuição das
verbas entre as três estaduais não
está atrelada a desempenho. A
USP ficou prejudicada."
Eunice também aponta a necessidade de diversificar o sistema
público de ensino, criando mais
instituições, não necessariamente
universidades. "Hoje só temos a
ponta, não temos a base. Não
adianta aumentar só a ponta."
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