São Paulo, domingo, 21 de outubro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES NA USP

Primeiro turno para escolha do substituto de Jacques Marcovitch será realizado na quarta-feira

Próximo reitor pretende conter fundações

RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se depender do que propõem os nove candidatos a reitor da USP (Universidade de São Paulo), suas fundações de apoio deverão sofrer controle mais rigoroso a partir da próxima gestão.
O assunto -que provocou grande polêmica e até obstrução da reitoria por estudantes, cancelando por duas vezes votação do Conselho Universitário sobre a regulamentação das fundações- ficou irresolvido na atual gestão, de Jacques Marcovitch, que termina em 25 de novembro.
O primeiro turno das eleições está marcado para a próxima quarta-feira. Apenas um candidato, o professor da ECA (Escola de Comunicações e Artes) Jair Borin, defende o fim das fundações, que prestam consultoria privada e mantêm cursos remunerados, entre outras atividades -em alguns casos, utilizando infra-estrutura física e professores da USP.
Os demais dizem ser necessário um maior controle da universidade sobre as instituições, que, por definição, não têm fins lucrativos.
Em princípio, elas deveriam servir para captar recursos externos para a USP, mas, segundo seus críticos, não existe controle público efetivo sobre esse dinheiro (veja as propostas dos candidatos para esta e outras cinco questões levantadas pela Folha no quadro abaixo).
Os candidatos vêm participando de um périplo por várias faculdades da USP para expor as suas idéias. O pleito, no entanto, está morno, na opinião do presidente da comissão eleitoral, Walter Colli, candidato por duas vezes em eleições passadas.
"Desta vez não está havendo grandes embates entre os candidatos nem polarização de idéias; ou porque as pessoas não se entusiasmaram por ninguém ou porque eles estão muito cavalheirescos", afirma Colli.
O professor do Instituto de Física da USP Luis Carlos de Menezes, autor de "Universidade Sitiada" (ed. Fundação Perseu Abramo) e um dos coordenadores dos parâmetros curriculares nacionais do Ministério da Educação, aponta como principal questão a ser pensada pelo novo reitor a co-responsabilidade da USP com a nação. "Falta à universidade interagir mais com o mundo lá fora e com seus próprios pares." Sobre a questão, a opinião dos candidatos se divide (leia texto abaixo).
Renato Janine Ribeiro, professor de ética e filosofia política na USP, diz que o Estado se desinteressou da universidade. "A avaliação do MEC não resulta em nada, as boas não recebem incentivo. Os reitores estão mais administrando a penúria do que fazendo coisas novas." Para ele, o novo reitor deve ser alguém com liderança. "Isso está faltando, alguém com autoridade moral, com perfil de pesquisador", disse.
Eunice Durham, coordenadora do Núcleo de Pesquisas sobre Ensino Superior da USP, afirma que a autonomia da universidade deve ser revista. "A distribuição das verbas entre as três estaduais não está atrelada a desempenho. A USP ficou prejudicada."
Eunice também aponta a necessidade de diversificar o sistema público de ensino, criando mais instituições, não necessariamente universidades. "Hoje só temos a ponta, não temos a base. Não adianta aumentar só a ponta."



Texto Anterior: Sorologia: Encontro reúne técnicos e fabricantes
Próximo Texto: Processo ocorre de forma indireta na universidade
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.