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Empresário assumiu negócio aos 16 anos
DA SUCURSAL DO RIO
Filho de um pequeno comerciante português, Arthur Sendas fez de um modesto armazém de São João do Meriti, na
Baixada Fluminense, a origem
da rede de supermercados que
durante anos liderou o varejo
carioca -e que chegou a ser o
maior grupo de capital exclusivamente nacional.
"O orgulho dele era se manter entre os maiores do varejo
sendo 100% nacional", diz o ex-ministro da Fazenda Marcílio
Marques Moreira.
Sendas começou a trabalhar
em 1951, aos 16 anos, quando
assumiu o armazém Transmontano após o pai sofrer um
acidente de carro. Teve de vencer a resistência dos fornecedores diante de um comerciante
tão jovem.
É considerado um pioneiro:
fez parte de um grupo de comerciantes que introduziu, em
fins da década de 60, o conceito
de auto-serviço nos supermercados brasileiros -em que o
próprio cliente recolhe os produtos nas gôndolas.
Nos anos 70, quando os supermercados começaram a
despejar dinheiro em campanhas publicitárias e ações de
marketing, ele apostou na intuição refinada na infância,
atrás do balcão do armazém.
Investiu em idéias simples,
como oferecer cafezinho e água
gelada aos clientes -algo inédito até então. Criou ainda uma
espécie de precursor do programa Primeiro Emprego: os
"marrequinhos", meninos de
14 a 16 anos que auxiliavam
clientes a carregar sacolas.
Nos últimos 20 anos, Sendas
ocupou postos em conselhos de
administração: Petrobras, BR
Distribuidora, PUC-RJ. Foi
presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro
(1997-2001) e da Associação
Brasileira dos Supermercados
(1989-1990).
Na vida pessoal, viveu uma
tragédia que deixou marcas
profundas: o suicídio do filho
João Antônio, em 2003. Desde
então, segundo amigos, se tornou ainda mais religioso do que
já era. Participava de missas na
sede do grupo, que permaneceu
sempre em São João do Meriti
-para onde se deslocava antes
das 7h.
Vascaíno militante, teve papel importante numa das reestruturações administrativas do
clube, quando ocupou a vice-presidência (1979-1982). "O
torcedor tem três estágios.
Normal, doente e estado de coma. Eu fui até o terceiro", costumava dizer.
Em 2004, Sendas vendeu
metade do controle da rede ao
grupo Pão de Açúcar -cada
parte ficou com 42,57%; o restante, com sócios minoritários.
Nos últimos dois anos tentou
fazer com que Abílio Diniz
comprasse a sua parte, alegando alteração do controle acionário do Pão de Açúcar ao formar uma holding em 2005 com
o grupo francês Casino. Após
mediação de uma câmara de arbitragem da Fundação Getúlio
Vargas, a proposta foi rejeitada.
O economista Carlos Lessa,
ex-presidente do BNDES, ressalta um aspecto menos conhecido da biografia de Sendas,
ocorrido em fins dos anos 70:
"Foi um empresário que ajudou o MDB [Movimento Democrático Brasileiro, de oposição à ditadura militar], num
momento inicial, em que pouquíssimos nos apoiavam. Chegou a doar recursos em circunstâncias que representavam
grande risco para ele".
O filho mais velho, também
chamado Arthur, deve assumir
o comando dos negócios. Hoje,
o grupo opera com quatro bandeiras: Pão de Açúcar, Sendas,
Extra e ABC CompreBem. No
primeiro semestre, as vendas
totalizaram R$ 1,6 bilhão.
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