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EDUCAÇÃO & CRISE
Ministério diz que é é mais importante pagar merenda e bolsas do que as contas de luz das universidades
MEC bloqueia 57% de verbas das federais
BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília
As instituições federais de ensino superior vão dispor de apenas
43% das verbas a que teriam direito até outubro para pagar as contas de água, luz, telefone, limpeza
e vigilância.
Na prática, as instituições estão
sem 57% das verbas de fontes repassadas diretamente pelo Tesouro para o Ministério da Educação.
Pelo orçamento original, as universidades poderiam gastar R$
370,7 milhões em 1998. Com o bloqueio, poderão contar com R$
158,8 milhões.
Os valores foram discutidos ontem entre os pró-reitores de administração, finanças e planejamento das instituições federais e o subsecretário de Planejamento e Orçamento do MEC, Israel Stal.
Além disso, o MEC também estabeleceu limite para o gasto com
receitas arrecadadas pelas próprias universidades. Isso inclui as
receitas obtidas com inscrição de
vestibular e repasses do SUS aos
hospitais universitários.
Elas teriam uma dotação com essas receitas de R$ 580 milhões,
mas só poderão contar com 54%
disso (R$ 315,5 milhões).
"Na prática, as universidades ficaram sem dinheiro para pagar
suas contas. Isso significa acumular mais dívidas com fornecedores
até saber de quanto vamos dispor
para novembro e dezembro", disse Carlos Augusto São José,
pré-reitor da UnB (Universidade
de Brasília).
O diretor de departamento de
desenvolvimento de ensino superior do MEC, José Luiz Valente,
disse que já estão liberados os recursos para hospitais universitários referentes a repasses do SUS.
Pacote
Em setembro, a área econônica
do governo determinou que os
ministérios gastassem 93% de seu
orçamento. Além disso, também
fixou que, até outubro, só poderiam ter gasto 80% desses 93%, o
que dá 74% do total.
Caso os ministérios tenham empenhado mais (reservado para
gasto) do que esse limite até outubro, o governo fica autorizado a
cancelar os empenhos.
Se o Ministério da Educação fizesse um corte linear, as universidades poderiam contar com 74%
das verbas previstas para pagamentos de suas contas de manutenção. Mas a merenda escolar e as
bolsas de estudo da Capes (órgão
de fomento à pesquisa) contariam
com menos dinheiro.
"O MEC precisa definir prioridades e está colocando isso claramente. Para o ministério, é mais
importante pagar a merenda escolar e as bolsas da Capes do que as
contas de luz das universidades",
disse Israel Stal.
Para não prejudicar ainda mais
as instituições federais de ensino,
o ministério resolveu dividir o orçamento para custeio em dois.
Para o pagamento de benefícios
como vale-transporte, vale-refeição, auxílio para creches e também para o pagamento de médicos
residentes e professores temporários as universidades podem gastar 83% do que estava previsto. Para as outras, 43%.
Existe, no entanto, uma verba de
R$ 407,6 milhões que será liberada
pelo Tesouro para o MEC em novembro e dezembro. As universidades contam com parte desse dinheiro para pagar suas contas.
"Não posso dizer agora de
quanto dessa verba as universidades poderão dispor porque estamos em negociação com a área
econômica. É um dinheiro que
também deverá ser usado em outras atividades e queremos conseguir mais", afirmou Stal.
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