São Paulo, quarta, 21 de outubro de 1998

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POLÍCIA
Mulher teria chamado uma professora de "negra fedorenta"
Comerciante é presa acusada de racismo em Minas Gerais

RANIER BRAGON
free-lance para a Agência Folha

Uma mulher foi presa anteontem em Ribeirão das Neves (região metropolitana de Belo Horizonte), acusada de racismo, o segundo caso de prisão por esse crime no Estado em menos de dez dias.
A comerciante Renilza de Andrade Cotrin, 31, teria proferido termos preconceituosos a uma das professoras de seu filho Ramón, de quatro anos de idade, no horário de entrada da escola.
O motivo da discussão seria uma repreensão que a professora teria feito ao garoto por ele se atrasar seguidas vezes para chegar à escola, o Instituto Educacional Tereza Cristina, no bairro Veneza, em Ribeirão das Neves.
A professora, Sheila Fabiene Ferreira, 23, é negra. Ela acionou a Polícia Militar logo após ouvir as ofensas. "Ela me chamou de negra fedorenta e disse que eu não servia nem para limpar os pés dela", disse Sheila.
A comerciante foi presa e autuada em flagrante. Ela está detida na Cadeia Pública de Ribeirão das Neves, aguardando análise da Justiça local, e não quis falar com a imprensa.
A delegada que lavrou o auto de prisão, Conceição Moreira de Medeiros, disse que indiciará a comerciante por crime de injúria por preconceito.
A pena prevista é de um a três anos de reclusão e cabe fiança. O crime de injúria por preconceito difere-se do crime de racismo pelo fato de o último ser inafiançável.



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