São Paulo, quinta-feira, 21 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMÉRCIO IRREGULAR

Houve confusão e correria; prefeitura e ambulantes se reuniram, mas não houve acordo; ato pode se repetir hoje

Protesto de camelôs fecha lojas pelo 2º dia

João Wainer/Folha Imagem
Barraca de camelô que não participou da manifestação dos ambulantes irregulares é derrubada


DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo segundo dia, camelôs da região da rua 25 de Março (centro da capital paulista) provocaram confusão, correria e fechamento de lojas em manifestações durante todo o dia de ontem.
À tarde, três representantes dos camelôs se reuniram na prefeitura e não chegaram a um acordo. Eles pediram uma trégua até o Natal, mas saíram da reunião afirmando que o quebra-quebra deverá ser ainda pior hoje. A prefeitura afirmou que não irá recuar na fiscalização.
Dois camelôs foram detidos pela polícia, ontem, mas liberados no final da tarde. Segundo a prefeitura e a Polícia Militar, não houve feridos.
A primeira confusão aconteceu por volta das 10h30, quando um grupo de cerca de 60 ambulantes irregulares começou a correr pelas ruas, mandando os comerciantes baixarem as portas. Com medo, os lojistas obedeceram. Em pouco tempo, até as lojas de outros quarteirões haviam fechado.
Cerca de cem agentes vistores da prefeitura chegaram na região por volta das 7h para impedir que os clandestinos montassem as barracas. No entanto, toda vez que os fiscais deixavam a rua, eles voltavam. Segundo a prefeitura, os que retornavam usavam equipamentos móveis, dificultando a apreensão.
A situação se normalizou por volta do meio-dia. Uma hora e meia depois, porém, um grupo reagiu à ação de fiscais que tentavam apreender o material de um ambulante clandestino.
Houve nova correria e fechamento de lojas. As ruas foram fechadas e bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas contra os camelôs.
Os manifestantes jogaram pedras em carros da PM e chegaram a quebrar bancas de ambulantes regularizados. "Não volto aqui nunca mais", afirmou a dona-de-casa Solange Capelanes, que fazia compras na hora do conflito.

Prejuízos
Os comerciantes reclamam que a ação dos camelôs e o fechamento das lojas vêm causando prejuízos. Josafa Monte Alegre Cerqueira, 62, diz que já perdeu R$ 4.000.
A ação dos ilegais é contra o esquema de fiscalização implementado na sexta-feira pela Subprefeitura da Sé, com o apoio de 150 guardas municipais, 150 homens da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), cem fiscais da prefeitura e reforço da PM.
A prefeitura calcula que 800 camelôs estariam clandestinos na região. Em reunião com o subprefeito da Sé, Sérgio Torrecillas, os camelôs foram convidados a formar uma cooperativa para um shopping popular, patrocinado pelo município.
"Eles [os manifestantes] esperam uma resposta. Isso não vai dar para segurar a revolta", disse a camelô Ivone Gonçalves.


Texto Anterior: Transporte: Projeto que prevê fim da frota de táxi vence 1ª etapa
Próximo Texto: Conflito vem se arrastando desde abril
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.