São Paulo, quinta-feira, 21 de novembro de 2002

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DESIGUALDADE

Serviço, pioneiro no país, suspendeu atendimento legal a vítimas de discriminação por falta de pagamento de funcionários

Disque-Racismo cancela auxílio jurídico no Rio

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

O Disque-Racismo da Secretaria de Segurança do Rio, pioneiro no país, parou de auxiliar quem busca atendimento jurídico em casos de discriminação racial.
O motivo da suspensão do serviço, criado em 2000 pelo então governador Anthony Garotinho (PSB), foi a falta de pagamento dos funcionários, que não recebem salários desde junho.
O coordenador Gustavo Proença afirmou que houve "falta de empenho do governo do Estado". "Aqui trabalhamos por ética e amor à causa", disse.
A Secretaria Estadual de Segurança Pública informou que o convênio entre o Estado e os funcionários do Disque-Racismo expirou em maio, mas ainda cede uma sala para o serviço.
A equipe do Disque-Racismo é formada, hoje, por um coordenador, dois advogados, dois cientistas sociais, uma secretária e duas pessoas ligadas à Fierj (Federação Israelita do Rio de Janeiro). Sem pagamento, três profissionais deixaram o serviço -um psicólogo, um advogado e um auxiliar administrativo. Concebido por um grupo de pesquisadores ligados ao antropólogo Luiz Eduardo Soares, o Disque-Racismo tinha como função orientar vítimas de discriminação racial. Quem não podia pagar advogado contava com o auxílio jurídico gratuito.
Proença disse que a ajuda jurídica foi suspensa em agosto e que hoje o serviço só dá orientação por telefone. "Fizemos um sistema de rodízio de modo que cada funcionário faça um plantão duas vezes por semana", disse. Entre julho de 2000 e outubro de 2002, foram recebidas 1.357 denúncias.

Dia da Consciência Negra
Com os principais blocos afros da Bahia à frente, cerca de 50 mil pessoas, segundo a polícia, ocuparam ruas do centro de Salvador, ontem, Dia Nacional da Consciência Negra, para pedir reparação contra injustiças cometidas contra afro-descendentes. Um documento com reivindicações deve ser entregue a Lula.
No Rio, um pronunciamento da governadora Benedita da Silva (PT), em frente à estátua de Zumbi dos Palmares (centro), marcou o início das festividades do feriado em homenagem ao líder negro, comemorado ontem.


Colaborou a Agência Folha, em Salvador


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